A Polícia Civil do Espírito Santo, por meio da Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de São Mateus, concluiu, na última sexta-feira (08), as investigações sobre um esquema de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro comandado por um casal no norte do Estado. As apurações indicaram que as vítimas eram ameaçadas de morte caso não quitassem suas dívidas, sendo forçadas a transferir bens móveis e imóveis como garantia para os suspeitos.
A Operação “Aggio“, deflagrada no dia 1º de novembro, resultou na prisão de um dos envolvidos, além da apreensão de veículos, documentos, dinheiro, armas e dispositivos eletrônicos. Também foram bloqueadas contas bancárias e rastreadas mais de mil transações de criptoativos ligadas à atividade criminosa.
As informações foram divulgadas em coletiva de imprensa realizada nessa segunda-feira (11), na Chefatura de Polícia Civil, em Vitória.
Ação forte
O delegado-geral da PCES, José Darcy Arruda, destacou a importância da operação para a descapitalização de criminosos, o que os desencoraja a cometerem crimes. “A operação é fundamental para a Polícia Civil, pois estamos entrando em uma fase de trabalhar a lavagem de capitais e a recuperação de ativos. A Polícia Civil agora busca retirar o dinheiro do criminoso e restabelecer ao Estado, além de devolver a quem é de direito. Todos os delegados estão orientados a fazer isso. A ideia é uma ação forte de descapitalização do crime, para que eles fiquem cada vez mais sem recursos“, contou.
Ele também falou sobre as descobertas da operação: “Nessa operação, foi constatada uma movimentação financeira atípica, além de crimes de extorsão, com vítimas quase perdendo a vida por não conseguirem pagar dívidas que estavam além das suas possibilidades. Eles faziam isso com ameaças de morte. Foi um trabalho muito relevante, realizado pela Superintendência Norte e pela Delegacia de São Mateus”, disse.
Por fim, o delegado fez um apelo à sociedade: “A Polícia Civil está se preparando para novas operações contra lavagem de capitais. É importante que outras vítimas denunciem, mesmo com medo, e garantimos que podem se sentir seguras. Elas podem procurar a Delegacia de Polícia de São Mateus ou, se preferirem, usar o Disque-Denúncia 181, que é seguro e nos ajudará nas investigações. A participação da sociedade é crucial para reforçar as provas contra os responsáveis.”
Modus operandi
O titular da Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de São Mateus, delegado José Eustáquio, explicou que as investigações começaram em julho deste ano, após as vítimas procurarem a Polícia, relatando que estavam sofrendo extorsões relacionadas a empréstimos de agiotas. “As vítimas eram perseguidas em suas residências e locais frequentes. O modus operandi dos suspeitos envolvia a concessão de empréstimos com contratos de compra e venda que serviam como garantia, utilizando bens móveis e imóveis. Caso não realizassem ou atrasassem o pagamento, as vítimas eram ameaçadas, a exemplo de fotos de suas casas enviadas por aplicativo de mensagem. Houve uma situação em que o suspeito mandou uma foto de visualização única tirada de dentro da delegacia, com mensagens dizendo que um boletim de ocorrência não resolveria a situação“, detalhou.
Durante a investigação, foi identificada uma empresa que movimentava valores incompatíveis com seu faturamento. “A equipe localizou a empresa em um prédio residencial discreto em São Mateus e apreendeu documentos e contratos que somam aproximadamente 5 milhões de reais. Além disso, foram descobertas movimentações financeiras atípicas na conta de uma das pessoas envolvidas, com valores que superaram 110 vezes o valor declarado. Também foram identificadas transações em criptoativos nas redes Binance e Smart Chain, mostrando a habilidade dos suspeitos em transacionar ativos digitais“, explicou o delegado.
Segundo o delegado, o principal suspeito atuava como procurador da empresa, movimentando contas pessoais e jurídicas. “Ele usava o dinheiro extorquido para manter um padrão de vida elevado, com viagens de luxo e carros caros, sem que a empresa tivesse funcionários ou gerasse receita suficiente para justificar tais gastos. Durante a prisão, o suspeito não ofereceu resistência, sendo abordado no pedágio da BR-101, em São Mateus, portando uma arma de fogo registrada, mas sem porte. O que resultou na lavratura de um Auto de Prisão em Flagrante (APFD) por porte ilegal de arma de fogo”, pontuou.
Sequestro de bens
Durante a Operação “Aggio“, deflagrada no dia 1º de novembro, foram realizadas apreensões significativas. Entre os itens apreendidos estão um Toyota Camry blindado, um Ford Ka, uma pistola calibre .380, diversas munições, R$ 6 mil em espécie, além de notas promissórias, escrituras e contratos de compra e venda, cujo valor total é estimado em cerca de R$ 5 milhões. Também foram apreendidos computadores e celulares. Outros veículos envolvidos na operação estão sob sequestro de bens, mas ainda não foram localizados.
O delegado explicou que, embora a mulher do principal suspeito tenha sido identificada, a prisão preventiva dela não foi solicitada, pois ela não estava à frente das extorsões. A Justiça determinou o bloqueio das contas dos indiciados, com foco no marido, responsável pelas ações. O delegado também fez um apelo para que outras vítimas se apresentem, garantindo que as denúncias podem ser feitas de forma segura, seja presencialmente ou pelo Disque-Denúncia 181.
Foram indiciadas duas pessoas na Operação “Aggio“. O homem foi indiciado por crimes relacionados à lavagem de dinheiro, extorsão e falsificação de documentos, além de ser acusado de envolvimento em atividades criminosas. A mulher foi indiciada por envolvimento na lavagem de dinheiro, uso de ativos virtuais e crimes relacionados, com um aumento na pena devido à utilização de criptoativos. Ele segue detido no sistema prisional e, a suspeita responde ao crime em liberdade.
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