Colatina em Ação – 22 de fevereiro de 2022
O construtor e empresário Mário Dalla Bernardina Segundo morreu aos 91 anos, na noite desta segunda-feira (21), em Colatina. Ele estava internado para tratar de uma pneumonia e não resistiu. A informação foi confirmada pela família.
Mário Dalla Bernardina Segundo deixa esposa, Dona Eliza Seidel, de 94 anos, com que teve 7 filhos
20 netos, 15 bisnetos e 2 tataranetos.
O velório ocorre na Capela Mortuária de São Silvano, o sepultamento será às 16 horas, desta terça-feira(22).
Em 2014 o construtor e empresário concedeu uma entrevista à jornalista Maria Teresa Paulino, para o site da Prefeitura de Colatina, onde fez um relato histórico de sua vida como empresário, confira abaixo !.
Nascido em Barbados, Mário Dalla Bernardina Segundo, 91 anos, não dava bola para o tempo. Não perdia a capacidade de sonhar e fazer planos para o futuro. Quem conversava com ele recebia uma lição de amor à vida, percebia uma alegria e uma imensa vontade de viver, independente do tempo. Mostrava que não há limite de idade para realizar o que se tem vontade.
Mário tinha orgulho em contar a trajetória de sua vida, do trabalho na roça com os pais a empresário como construtor civil e dono de cerâmica. E também de sua primeira e única tentativa de ser político, como candidato a vereador, e que não deu certo. “Eu queria trabalhar para minha cidade. Fazer alguma coisa para a cidade que eu amo”, justificava.
O pai e a mãe de Mário, os agricultores Adelina Denardi e Roque, chegaram a Barbados em 1906, bairro situado a 12 quilômetros do centro de Colatina, para trabalhar nas terras de Pedro Filho como meeiros, e ali tiveram os seus 12 filhos.
A estrada de ferro Diamantina
Era o ano da chegada da Estrada de Ferro Diamantina em Colatina, que anos mais tarde passou a ser a Estrada de Ferro Vitória a Minas, da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). Só em Colatina a Estrada de Ferro Diamantina, construiu três estações; uma delas em Barbados. Por isso ficou marcado na memória de Mário, desde a sua infância, as lembranças dos trens passando na linha férrea.
Ele lembrava quando a estrada de ferro vinha por Colatina Velha, passava pelo centro da cidade (Avenida Getúlio Vargas, subia para a Rua Bartovino Costa), descia para a ponte de ferro do Bairro Vila Nova, passava em frente do Colégio Marista, saía na Avenida Rio Doce e seguia rumo a Minas Gerais. “Era época da Maria Fumaça. As estações de Barbados, Baunilha e Centro de Colatina foram construídas no mesmo período”, explicou Mário.
Depois de trabalhar na roça com os pais, e até ajudado os pais a construírem a casa da família em Barbados, em 1944, descobriu que gostava da construção civil, setor que passou a trabalhar como profissional por toda a vida, como construtor e depois atuando como empresário do ramo ceramista. Em meio a tudo isso, casou e formou uma família com Eliza Seidel, com quem teve 7 filhos, 20 netos 15 bisnetos e 2 tataranetos.
Construção civil
Mário se orgulhava de ter sido um dos mais requisitados construtores civis de Colatina. “De 1948 até o final dos anos 60 trabalhou como construtor autônomo e foi quem mais construiu obras no município. Ele tinha a empresa Bernardina & Cia, e só dentro de Colatina ele fez 29 obras, entre moradias, igreja, hotel e escolas. Desde 1956 teve a carteira do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia)”.
Entre as obras colatinenses, as construções das casas de Antonio Pagani (Avenida Getúlio Vargas), igreja de Santa Fé (estrada para Marilândia), torre da Catedral do Sagrado Coração de Jesus, prédio da Padaria Bolão, Coletoria Estadual, prédios do Hotel Juparanã. Também construiu as casas de Humberto Gobbi, Belmiro Gobbi, Antonio Zago, Antonio Menegatti, Dr. Adoris, e ainda várias em Colatina Velha, São Vicente e São Silvano. A Escola Virgínio Calmon (Vila Lenira) foi outra obra. Além da ampliação da sede da antiga empresa Telest, e depois encerrou a carreira.
Mário contou que fez um dos primeiros prédios do então INPS (Instituto Nacional de Previdência Social), hoje INSS (Instituto Nacional de Serviço Social); e um prédio da Secretaria de Educação do Estado em Colatina, entre outros serviços para órgãos públicos.
De 1962 a 1966 ele trabalhou como empreiteiro da Vale. “Foram 39 obras, entre reformas e construções de plataformas de estações de trem, casas geminadas e escolas. Em Colatina, foram construídas partes das plataformas da primeira estação, em 1964 (Bairro Esplanada) e da segunda, em 1974 (a atual, na Rodovia Colatina/Itapina).
Tudo era mais difícil
No Espírito Santo, construiu as plataformas estação de Piraqueaçu (Ibiraçu), de Baixo Guandu e da localidade de Caboclo Bernardo (João Neiva, que não existe mais) e uma escola em João Neiva. Já em Minas Gerais, foram construídas as plataformas das estações de Conselheiro Pena, Intendente Câmara e Coronel Fabriciano e uma escola em Aimorés.
Ele contou que tinha 130 funcionários na empresa de construção civil, e revelou que tudo era mais difícil do que é hoje. “Para construir hoje tem muitas facilidades, diversos equipamentos diferentes para trabalhar. Naquela época era tudo feito na mão, não tinha makita. Para colocar um ladrilho usávamos um taco para cortar, com um pedaço de pau e marreta, e hoje a máquina faz tudo”, explicou.
Em 1954, enquanto ainda era construtor, Mário abriu uma fábrica de ladrilhos perto de onde morava, no Bairro Sagrado Coração de Jesus. “Tinha cinco funcionários. Em 1966 acertou as contas com os empregados, e deixou a empresa com os funcionários mais antigos.
Depois que fechou a fábrica de ladrilho, ele comprou uma cerâmica do um tio em Barbados, fundada em 1906 pelo avô dele, e que fabricava tijolos e telhas. Segundo Mário o casarão, que foi construído em 1928, existe até hoje no local.
Ele dizia que saiu da construção civil mais tranqüilo, o que foi a salvação. Recebeu uma herança de seu pai, comprou um caminhão, fez um barracão da empresa e conseguiu pagar as dívidas. Foi proprietário da Cerâmica Barbados até 1997 e depois fechou as portas, pois estava dando prejuízo.
Preserva hábitos
Mário encerrou suas atividades também na cerâmica, mas não ficou parado. A rotina não cabia em sua vida, pois sempre estava fazendo alguma coisa.
O colatinense tinha orgulho em dizer que tinha uma saúde de ferro. Todo ano participava de um torneio de futebol, no Industrial Futebol Clube, de Barbados, com uns três times. Todo ano era convidado. Desde os 14 anos jogava futebol de várzea em qualquer posição que precisasse. Do futebol ele lembrava do Hugo, que para ele era o melhor goleiro que visto jogar no Brasil. Era de uma empreiteira da Vale e morava em Itapina. Mário foi reserva dele.
Todos os dias, ele tinha o hábito de levantar cedo e “resolver algumas coisas pendentes”, como ele mesmo dizia. Depois, Mário tomava banho, almoçava e ia para Barbados, onde ficava até 17 horas trabalhando na área da cerâmica. Ficava zelando pelo barracão (que existe há 86 anos), “fazendo uma coisa e outra, limpando, retirando o mato. É uma área de 68 mil metros quadrados que ele cuidava com muito carinho.
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Que legado lindo,exemplo para muitos,como e dificil a vida do jovem em Colatina,o futuro e dificil,deixei Colatina em 1982 aos 18 anos para ser paraquedista do Exercito no Rio e esta sendo muito bem graças a Deus,minha filha Chelsea que estudou no SeSI Colatina ficou em segundo lugar no Brasil na prova de sargento da Aeronaltica ,senhor Mario vai com Deus o senhor e um iluminado