Redação Colatina em Ação 17/08/2019
Moradores de Itabira, na Região Central, – que abriga o mais importante complexo minerário da Vale em Minas – passaram pelo maior simulado de rompimento de barragens já feito no Brasil na tarde deste sábado. Com a participação de 7.770 pessoas, as autoridades classificaram a atividade como um “sucesso”. Eram esperados 19 mil moradores, o que significa que 40,9% procuraram um posto de acolhimento.
Um aplicativo que avisa sobre rompimento de barragens foi testado durante a ação. O programa apresenta rotas de fuga, pontos de encontro e locais seguros a partir do sistema de navegação GPS. Aluns moradores salientaram a falta de informações do app. Também avaliaram que o volume da sirene estava baixo.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) informou, durante o simulado, que a gestão de segurança das barragens de Itabira não está só nas mãos da Vale: a empresa contratou uma empresa americana para o monitoramento.
O início pontualmente as 15h. A moradora Larissa Castro, de 28 anos, contou que depois do rompimento da barragem em Brumadinho, na Grande BH, a cidade ficou bastante apreensiva. “Está todo mundo esperando o pior. Por isso, decidi participar. Me sinto um pouco mais tranquila. E, na minha opinião, ocorreu tudo bem. Cheguei em 10 minutos”, disse a moça que veio acompanhada da mãe e da vizinha.
Já Celio Fernandes, de 66, mora em Itabira ha 25 anos. “Ficamos apreensivos. Ficamos embaixo de uma bomba que qualquer hora ela pode explodir. É importante participar, mas achei a adesão dos moradores muito baixa. Muitos não levam a sério”, contou. Isso porque eram esperados 19 mil pessoas, número que não deve ter sido alcançado. Ele levou 2 minutos e 10 segundos para chegar ao ponto de encontro. “Fiquei confuso para qual ponto ir, mas cheguei em um ótimo tempo”, acrescentou.
Já Ivanir Moreno, de 51, reclamou da falta de orientação. Mesmo no dia do simulado, ela não sabia se a casa dela está ou não na área de salvamento. Ela decidiu por participar e ainda veio acompanhada do cachorrinho. “Estou com muito medo da barragem. Ouvi a sirene e as placas me ajudaram a orientar. Cheguei em 5 minutos”, disse.
Erica Aparecida de Jesus, de 27, disse que as sirenes tocaram muito baixo. “Eu trabalho em um salão de beleza. Estava com um secador ligado e ouvi a sirene tocar muito baixo. Se estivesse dormindo, não tinha acordado”, disse. Neste simulado, ainda foi testado um aplicativo para os moradores se orientarem e um cadastro prévio conferido por meio de um tablet. “Não estava sabendo do app. Os funcionários que foram até minha casa não falaram nada disse. Também não souberam tirar minhas dúvidas, apenas me passaram um número de telefone”, disse. Entretanto, segundo ela, o cadastro prévio funcionou: “cheguei e meu nome já estava cadastrado com meus dados. Acho que facilita. Mas, minha irmã teve que fornecer as informações novamente” acrescentou.
SOBRE O SIMULADO
O simulado foi planejado de forma preventiva para as pessoas tomarem conhecimento dos pontos de encontro, das rotas de fuga, e para que possam ser informadas sobre o melhor local para deslocar em caso de rompimento. Essas áreas estão nas zonas de autossalvamento (ZAS) das barragens Itabiruçu, Conceição, Rio de Peixe, Sistema Pontal e Cambucal l e ll, e zonas de segurança secundária (ZSS) urbana de Itabiruçu e Conceição. Empregados da mina Conceição, que estiverem trabalhando no dia e horário do simulado, também participarão do exercício.
A ZAS é a região à jusante da barragem, cuja distância pode ser considerada em cerca de 10 quilômetros ou o tempo de chegada da onda, no caso de rompimento, for de 30 minutos. Já a ZSS é a área posterior à ZAS. O simulado faz parte do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM) e do Plano de Contingência e Evacuaçãode Itabira, este último elaborado por uma equipe multidisciplinar formada por representantes das defesas civis Estadual e Municipal, Prefeitura de Itabira, Vale, polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros e Ministério Público de Itabira.
A cidade recebe uma tropa de alunos da academia da Polícia Militar, viaturas da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) e do meio ambiente. Algumas vias serão interditadas no momento da simulação, já que, caso ocorra um rompimento, autoridades teriam de bloquear acessos. Fonte: Estado de Minas