As imagens mostram parte dos reclusos do Projeto Nova Canção, ofertado pelo CDP há cerca de dois anos, tocando “Tempo Perdido”, de Renato Russo.
Música é usada como forma de ressocialização no Centro de Detenção Provisória(CDP) de Cachoeiro de Itapemirim
Usar a música como instrumento de transformação e ressocialização de detentos foi a inspiração do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Cachoeiro de Itapemirim para implantar o projeto Nova Canção, que atualmente oferece aulas de violão para 48 internos da unidade prisional. Concebido há pouco menos de dois anos, o projeto trabalha a musicalidade e o trabalho em equipe para aproximar ainda mais servidores e internos. A religiosidade por meio da música é outro ponto desenvolvido com o grupo, que participa de aulas semanais. Desde o período que foi implantado, mais de 400 internos da unidade prisional aprenderam as técnicas necessárias para tocar violão.
O inspetor penitenciário Wallace Ferreira conduz os trabalhos com os internos. As aulas têm o auxílio de três monitores que cumprem pena na unidade prisional. Eles são responsáveis por transmitir o aprendizado, o que inclui a apresentação das partituras, das notas musicais, ritmos, dedilhamento e toque. As aulas de violão acontecem em um espaço reservado. Os equipamentos utilizados no projeto foram adquiridos por meio de doações.
“Além de aprender a tocar violão, o projeto busca apresentar para o interno uma nova realidade. Presos que muitas vezes apresentavam problemas de disciplina mudaram por completo sua forma de agir após entrar para o Nova Canção. O desempenho ao longo das aulas resulta em apresentações dentro da unidade, que os alunos fazem para suas famílias, ou em encontros religiosos. A música faz com que eles e seus familiares tenham uma nova visão da vida e da unidade prisional. Com o projeto efetivamos também, de uma forma mais humana, a transformação de cada um”, explica Wallace Ferreira.
Wanderson Nunes está há um ano e dois meses no projeto. Com os conhecimentos adquiridos, hoje ele atua como monitor e multiplica a técnica com os alunos. Para ele, a música faz toda a diferença. “Com o projeto hoje me sinto mais disciplinado, respeito mais as regras e sei que sirvo de exemplo para muitos. Posso dizer que o Nova Canção mudou a minha vida não só dentro do sistema, mas mudou tudo. Entrei como aluno, virei monitor e tenho servido de exemplo para muitos. Hoje estou mais tranquilo, com mais serenidade”, diz.
Para o diretor do CDP de Cachoeiro, Ivan Lopes, que concebeu o projeto Nova Canção, a música transforma as pessoas. “Temos percebido o quanto a música favorece a transformação dos internos. Muitos já mudaram de comportamento, passaram a ter mais disciplina e a acreditar que é possível mudar a realidade por mérito e trabalho. Com isso, conseguimos melhorar nosso relacionamento, fazer com que eles se aproximem mais de suas famílias e tenham uma nova visão de que a ressocialização é possível”, destaca Ivan.