(Texto de José Luiz Pizzol)
Há pessoas que acham que Colatina se fez com os trens e os expulsou da cidade. ERRADO.
A cidade se fez com o café, sendo seu município o maior produtor mundial por pelo menos dez anos (1953-1963), além da força do empresariado local.
Muito mais importante do que a chegada dos trilhos da EFVM, em 1906, foi a construção da ponte sobre o Rio Doce (1926-1928), que a converteu em posto-chave da região.
Só quem morou na Avenida Getúlio Vargas e imediações, assim como quem tinha comércio ali, sabe do sofrimento que era a passagem diária de dezenas de trens de carga, alguns com mais de cem vagões, espalhando poeira pra tudo quanto é lado, provocando poluição sonora e ambiental e causando imensos transtornos no trânsito e vários acidentes graves, sem falar no abalo da estrutura de muitos imóveis na área.
A situação chegou num nível tão crítico que os trens passaram de “mocinhos” a “vilões”, tão indesejáveis eram à maioria da população. Desde os anos 1940 a CVRD já tinha prometido retirar os trilhos do centro da cidade, em atendimento aos insistentes apelos dos colatinenses, mas, foi “cozinhando” a ideia até quando pôde, até que em 1974 iniciou a construção de uma variante, passando por trás dos morros da cidade, e de uma nova estação, ambas inauguradas em 1975, quando passou o último trem pelo centro da cidade (ver foto, de 1975).
Colatina não expulsou os trens. Eles continuam lá, só que não mais passando dentro do centro da cidade.