Entre 2016 e 2022, 15,9 mil pessoas perderam a vida no Brasil em acidentes relacionados ao trabalho, segundo o Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho. Nesse intervalo, o número de mortes cresceu 25,4%, passando de 2.265 registros em 2016 para 2.842 em 2022, último ano com dados consolidados. Esse dado acende o alerta sobre a segurança do funcionário, principalmente no ambiente industrial, onde a proximidade com máquinas, equipamentos pesados e materiais perigosos faz parte da rotina.
Com esse cenário em mente, ganha força a necessidade de medidas que contribuam para evitar falhas humanas e acidentes operacionais. A iluminação é uma delas. Embora muitas vezes negligenciada, ela tem influência direta na concentração, na visibilidade e no desempenho dos trabalhadores.
Quando bem planejada, a luz evita sombras perigosas, reduz a fadiga visual e oferece maior controle sobre as tarefas realizadas, especialmente em ambientes que funcionam em múltiplos turnos.
O que diz a norma da ABNT para a indústria
A ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013 define parâmetros técnicos específicos para ambientes de trabalho internos, incluindo áreas industriais. Ela determina níveis mínimos de iluminância de acordo com a atividade exercida, que podem variar de 100 lux, em áreas de circulação, a mais de 1.000 lux em tarefas de precisão, como montagem fina ou inspeção de qualidade.
O objetivo é garantir que cada tipo de trabalho receba o nível de luz adequado à exigência visual envolvida.
Outro aspecto abordado é a uniformidade da luz. O índice de uniformidade luminosa (U₀) deve ser igual ou superior a 0,6, evitando grandes contrastes ou áreas mal iluminadas dentro de um mesmo espaço. Ambientes industriais com zonas escuras, como corredores estreitos ou entre máquinas, oferecem riscos sérios, já que a movimentação intensa é comum nesses locais.
O controle de ofuscamento também está previsto. Luminárias mal posicionadas ou que emitem brilho excessivo diretamente nos olhos do trabalhador reduzem a nitidez visual e podem provocar erros operacionais. A recomendação é usar difusores, ajustar o ângulo das luminárias e manter essas fontes fora do campo de visão direto, sempre que possível.
Para atividades que exigem distinção de cores, como inspeção visual de peças, montagem de componentes eletrônicos ou leitura de sinais visuais, a norma exige que o Índice de Reprodução de Cor (IRC) seja igual ou superior a 80. Isso garante fidelidade na percepção das cores e reduz falhas por confusão visual, especialmente em tarefas que envolvem fiação, cabos coloridos ou peças codificadas por cor.
A durabilidade da luz em ambientes agressivos
A norma da ABNT também orienta que o projeto de iluminação preveja um fator de manutenção, levando em conta a perda de eficiência ao longo do tempo por acúmulo de poeira, desgaste térmico ou vibrações. Isso é especialmente importante em áreas industriais sujeitas a calor intenso, partículas em suspensão ou ambientes úmidos.
Nesses casos, o uso de luminárias com proteção IP adequada, como o padrão IP65, é indicado. Esses equipamentos suportam melhor as condições adversas, mantendo o desempenho luminoso mesmo em locais mais exigentes.
A substituição de lâmpadas ou a limpeza periódica das luminárias precisa estar incluída no plano de manutenção da empresa. A negligência nesse ponto compromete o investimento feito no projeto original e pode levar a quedas na qualidade da iluminação, mesmo quando os equipamentos continuam funcionando.
A evolução da iluminação industrial
A história da iluminação nos ambientes industriais acompanha o desenvolvimento das próprias fábricas. No início do século XX, a introdução da eletricidade permitiu ampliar o tempo de operação das linhas de produção, mas ainda de forma precária. Muitas fábricas funcionavam com baixa visibilidade, e os acidentes eram frequentes.
A partir da metade do século, com o avanço das normas de segurança ocupacional, a iluminação passou a ser vista como elemento técnico de apoio ao desempenho dos trabalhadores.
A chegada da tecnologia LED mudou o panorama. Com maior durabilidade e controle sobre intensidade e temperatura de cor, a nova geração de luminárias passou a atender demandas específicas, como iluminação direcional, operação em temperaturas extremas ou acionamento automatizado por sensores. Isso elevou a discussão sobre luz no setor industrial a um novo patamar, vinculando o tema diretamente à segurança do trabalho e à produtividade.
Quando a luz é parte do projeto de segurança
Para o projetista Charles Oliveira, da Novvalight, pensar a iluminação como parte da infraestrutura de segurança é algo que precisa ser reforçado constantemente. Ele afirma que as condições variam conforme o tipo de uso do espaço, seja uma área de circulação ou de produção ativa. “Essas variações seguem normas técnicas que ajudam a garantir uma visualização segura do ambiente, o que contribui para reduzir erros e acidentes”, destaca.
Segundo ele, normas como a NHO-11 e a NBR 8995-1 foram criadas para justamente atender às particularidades do ambiente industrial, onde circulam pessoas, máquinas e, muitas vezes, produtos químicos. “Essas condições trazem consigo a responsabilidade das indústrias em oferecer um ambiente que permita trabalhar com segurança hoje e amanhã. Atender aos padrões normativos é uma forma direta de assumir esse compromisso”, afirma Charles.
Esse entendimento tem feito com que a iluminação industrial deixe de ser tratada apenas como item funcional ou decorativo. Em muitos projetos recentes, o cuidado com o posicionamento, a intensidade e a durabilidade da luz passou a receber o mesmo nível de atenção dado à climatização ou à segurança estrutural do prédio.
No fim das contas, escolher boas luminárias herméticas industriais é parte do processo de garantir a integridade dos trabalhadores, otimizar as operações e criar um ambiente onde a produtividade se desenvolve com mais confiança. Luz bem pensada, nesse contexto, não é luxo, e sim, responsabilidade.
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