Apicultores do município de Boa Esperança, no Noroeste do Espírito Santo, estão enfrentando um cenário alarmante: a morte repentina de milhares de abelhas em apiários da região. Desde o início da semana, caixas inteiras foram encontradas vazias ou cercadas por insetos mortos. O Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) esteve no local na última quarta-feira (8) para iniciar a investigação do que pode ter causado essa perda em massa – e uma das principais suspeitas é o uso de agrotóxicos nas lavouras vizinhas.
O mesmo problema já havia sido relatado por apicultores de São Mateus, cidade a cerca de 60 quilômetros de Boa Esperança, ainda no início deste ano. Em ambos os casos, os prejuízos vão muito além da produção de mel. As abelhas são essenciais para a polinização de diversas culturas, como o café, e sua ausência pode comprometer até 30% da produção agrícola em algumas propriedades.
Carlucio Tambaroto, produtor de Boa Esperança que mantém 22 caixas de abelhas, relatou o choque ao encontrar quase todos os enxames mortos. “Foi desesperador chegar e ver as caixas assim. A gente perde o trabalho, perde a colheita, perde tudo“, lamentou.
Já o apicultor Aldo Batista, que cultiva abelhas em parceria com cafeicultores e produtores de pimenta desde 2011, reforçou que a principal função dos apiários vai além do mel. “As abelhas são as responsáveis pela polinização. Sem elas, o café não floresce como deveria. O prejuízo é certo”, explicou.
O Idaf, junto com pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), colheu amostras de abelhas mortas e outras ainda vivas com sinais de intoxicação. A análise clínica inicial já descartou doenças como causa da mortandade, o que reforça a suspeita de contaminação por produtos químicos.
Segundo o Idaf, o resultado das análises laboratoriais deve sair em até 30 dias. “Tudo indica que não se trata de pragas ou doenças. A suspeita é mesmo de intoxicação. Mas só o laboratório vai poder confirmar isso com certeza”, explicou a médica veterinária Gizele Lima, que participou da coleta.
Entre julho de 2024 e maio de 2025, o órgão já recebeu 11 notificações de mortandade de abelhas em diferentes municípios capixabas, incluindo Linhares, Cachoeiro de Itapemirim, Nova Venécia, Santa Teresa e Serra. Alguns casos foram atribuídos ao uso inadequado de agrotóxicos, enquanto outros não puderam ser confirmados devido à demora na notificação.
A situação acende um alerta para os riscos do uso incorreto de defensivos agrícolas e os impactos ambientais graves que podem surgir. Para os apicultores da região, a esperança é que a causa seja esclarecida rapidamente, e medidas sejam tomadas para evitar novas perdas.
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