“O Papa Francisco pediu para ser enterrado com sapatos gastos. Ele não escolheu novos, nem solenes. Ele perguntou por aqueles que os usavam, por aqueles que caminhavam com ele. E nesse gesto humilde e simples está contido todo um pontificado, toda uma vida.
Estes são os sapatos que viajaram por favelas, campos de refugiados, hospitais e prisões. Aqueles que se cobriram de lama em Lampedusa, aqueles que caminharam pela terra sagrada de Ur buscando a paz entre as religiões, aqueles que caminharam em silêncio pela Praça de São Pedro vazia, rezando por um mundo ferido.
Esses sapatos conhecem a poeira da estrada e o peso do coração. Elas se desgastam pelo uso, pela dedicação, pela pressa de ir ao encontro de quem sofre. E não há melhor sudário para um pastor do que as pegadas de sua caminhada.
Francisco não queria uma despedida solene; ele queria uma que falasse do caminho, da proximidade, do Evangelho vivido. Assim como Jesus, ele não deixou monumentos, ele deixou pegadas. E como Jesus, quis que ao olhar para o seu túmulo, não se visse o poder, mas o amor que se esgota, que se gasta, que se doa. Porque naqueles sapatos gastos está a alma de um pontífice que sempre optou pela simplicidade, que não quis tronos, mas portas abertas. Um Papa que não se esquivou da poeira da estrada, que viveu o Evangelho sem enfeites e que agora descansa como caminhou: com os pés cansados… e o coração cheio.”
* Padre Carlos Quiva: Sacerdote Católico. Missionário Digital. Notário do Tribunal Eclesiástico de Mcbo. Paroquia Santa. Mariana de Jesus. Filósofo – Teólogo. Docente Universitário
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