Até 2035, cerca de 3,3 bilhões de adultos em todo o mundo poderão ser afetados pelo sobrepeso ou a obesidade, conforme o Atlas da Obesidade 2024, realizado pela Federação Mundial de Obesidade (WOF, na sigla em inglês). No Brasil, estima-se que o número de pessoas com essas condições ultrapasse os 127 milhões.
Esses números alertam para a gravidade do problema, descrito pela WOF como uma epidemia global com altas taxas de incidência nos países mais pobres. Contudo, avanços no tratamento e na abordagem da obesidade têm sido observados nos últimos anos, especialmente com a introdução de novos medicamentos e abordagens terapêuticas que visam não apenas a perda de peso, mas também a melhoria da saúde.
O Wegovy, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no início de 2023, é um dos exemplos mais recentes. O medicamento, produzido pelo Novo Nordisk, é o primeiro injetável à base de semaglutida voltado para o tratamento da obesidade.
Respondendo às dúvidas daqueles que querem entender para que serve Wegovy, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) explica que a semaglutida atua em diversas partes do organismo e desempenha diferentes funções, incluindo promover a perda de peso ao reduzir a ingestão de calorias, aumentar a sensação de saciedade e diminuir o apetite.
Além do Wegovy, outros medicamentos também têm a semaglutida como princípio ativo, como o Ozempic e o Rybelsus, variando em composição e forma de administração. Segundo estudo publicado no The New England Journal of Medicine, o composto representa um marco no tratamento da obesidade, com resultados de perda de peso de até 15% do peso corporal em 68 semanas de tratamento.
Existe, ainda, a Tirzepatida, aprovada no último ano pela Anvisa para uso em conjunto com a realização de exercícios e dietas a fim de melhorar o controle glicêmico de adultos com diabetes mellitus tipo 2. O medicamento é usado de forma off label para o tratamento da obesidade, e a sua comercialização no Brasil deve iniciar em 2025.
O médico nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), Durval Ribas Filho, explica que o medicamento age nos receptores dos hormônios GIP (-peptídeo inibidor gástrico) e GLP1 (sigla do inglês para Glucagon-Like Peptide-1), produzidos naturalmente no intestino e atuantes no sistema nervoso central. Eles diminuem a velocidade do esvaziamento gástrico e interferem na fome e na saciedade.
Uso das substâncias deve ser feito com prescrição médica
Os medicamentos para emagrecimento devem ser usados com atenção e acompanhamento de especialistas. Tanto os efeitos colaterais do Rybelsus e de outros compostos com semaglutida, quanto aqueles compostos Tirzepatida precisam ser levados em consideração. Náuseas, diarreia e constipação estão entre os mais recorrentes.
Durval pontua que existem pessoas que se empolgam com o emagrecimento de familiares, amigos e vizinhos que utilizam as canetas emagrecedoras, mas é preciso ter cuidado visto que a obesidade é uma doença crônica e, para definir a melhor conduta de tratamento, necessita de um diagnóstico médico, sendo contraindicada a automedicação. “Cada obeso é único em suas necessidades”, destaca o especialista.
Em comunicado realizado pela SBEM e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica, as entidades também desencorajam o uso de semaglutida para fins estéticos. Elas alertam que o uso indiscriminado do medicamento contribui para o estigma do tratamento entre aqueles que realmente necessitam, além de expor pessoas sem indicação médica a riscos.
Além disso, a SBEM indica que o tratamento da obesidade deve acompanhar a adoção de bons hábitos, como a prática de atividades físicas e uma dieta adequada e saudável, que inclua a diminuição da ingestão de calorias. Os alimentos in natura e minimamente processados devem ser a preferência.
Quer receber nossas notícias 100% gratuitas pelo WhatsApp? Clique aqui e participe do nosso grupo de notícias!