O câncer é a primeira causa de morte por doença em crianças e adolescentes, de um a 19 anos. A estimativa é que o país registre 7.930 novos casos por ano até 2025, conforme informações do Instituto Nacional de Câncer (Inca). No entanto, as autoridades de saúde afirmam que, com o diagnóstico precoce, as chances de cura são maiores.
O Inca aponta que, em países desenvolvidos, os índices de cura chegam a 80%, quando a doença é detectada precocemente e tratada em centros especializados. No entanto, o Brasil ainda enfrenta a necessidade de melhorar os resultados, visto que muitas crianças chegam para o tratamento com a doença em estágio avançado.
A situação se tornou ainda mais comum após a pandemia de Covid-19, conforme informou a oncologista pediátrica Carolina Camargo durante reunião do Conselho Nacional de Saúde (CNS), órgão do Ministério da Saúde (MS), realizada em junho. Muitas vezes, os responsáveis legais demoram a procurar um pediatra por confundir sintomas, como febre e dores ósseas, com outras questões comuns na infância.
Além do diagnóstico tardio, o vazio assistencial e os dados precários em saúde estão entre os principais desafios para o combate ao câncer infantil. A assessora técnica da coordenação-geral da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer do MS, Aline Leal, ressalta que existem unidades não habilitadas que executam os serviços oncológicos em pediatria sem os padrões necessários de qualidade e segurança.
Tipos mais comuns e sintomas
De acordo com o MS, não existem evidências científicas que provem uma relação direta entre câncer infantil e fatores ambientais, o que faz com que a doença não possa ser prevenida. Os tumores apontados como mais frequentes são as leucemias, os que atingem o sistema nervoso central e os linfomas.
Também acometem essa faixa etária o neuroblastoma, tumor de Wilms, retinoblastoma, tumor germinativo, sarcomas e osteossarcoma. O último é um tumor ósseo que pode causar problemas como dificuldade respiratória, fadiga e perda de peso, caso a doença se espalhe para o pulmão. No entanto, casos de crianças com câncer de pulmão são raros e costumam acontecer apenas quando ocorre metástase.
A Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope) alerta que é preciso estar atento aos sintomas do câncer infanto-juvenil. Entre eles estão perda de peso, palidez inexplicada, manchas roxas, sangramentos pelo corpo sem machucados, diminuição da visão, perda do equilíbrio, dores nos ossos e vômitos acompanhados de dor de cabeça. Caso esses sintomas sejam observados, é fundamental procurar um médico para uma avaliação detalhada.
Como é feito o tratamento?
O MS reforça que, pela sua complexidade, o tratamento do câncer na infância deve ser realizado em centros especializados por meio de três abordagens principais: quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Cada uma dessas opções deve ser utilizada de maneira criteriosa e adaptada a cada tipo de tumor, levando em consideração a gravidade e a extensão da doença.
O plano de tratamento é elaborado com base no diagnóstico do tumor, nas suas características biológicas e na presença ou ausência de metástase. Para garantir a sua eficácia, é recomendado o trabalho de uma equipe multidisciplinar, composta por profissionais como oncologistas pediátricos, radiologistas, cirurgiões, radioterapeutas, enfermeiros, assistentes sociais, nutricionistas e psicólogos.
Além de focar na recuperação biológica, o MS pontua que é igualmente importante considerar o bem-estar e a qualidade de vida do paciente. A criança ou adolescente em tratamento oncológico necessita de uma atenção integral desde o início do tratamento, com apoio psicossocial tanto ao paciente, quanto ao seu núcleo familiar.
Em 2022, o governo implementou a Política Nacional de Atenção à Oncologia Pediátrica, com a Lei nº 14.308/2022, que visa ações de detecção precoce e ao tratamento da doença, bem como à assistência social e aos cuidados paliativos dos pacientes. O objetivo é aumentar os índices de sobrevida, melhorar a sua qualidade e reduzir a mortalidade e o abandono ao tratamento das crianças e dos adolescentes com câncer.
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