Mal súbito é um termo que se refere a eventos naturais que acometem a saúde de uma pessoa de forma abrupta, inesperada, dramática e potencialmente grave. E nem mesmo os atletas estão imunes a esse problema, como demonstram casos ocorridos nos campos de futebol.
Recentemente, o goleiro Matija Sarkic, de 26 anos, morreu após sofrer um mal súbito em seu apartamento na cidade de Budva, em Montenegro. O atleta jogava na segunda divisão do campeonato inglês e também defendia a seleção de seu país natal. Outro caso teve um desfecho bem mais positivo: o jogador dinamarquês Eriksen, vítima de morte súbita evitada graças ao atendimento realizado durante a partida entre Dinamarca e Finlândia pela Eurocopa, voltou a atuar e marcou o gol de sua seleção no empate com a Eslovênia.
Segundo o cardiologista Bruno Ceotto, da Cardiodiagnóstico, o mal súbito pode ser decorrente de causas não tão graves como hipoglicemia, hipotensão ou até mesmo uma convulsão. Contudo, o mal súbito também pode estar relacionado a quadros mais graves, como infarto agudo do miocárdio, AVC ou arritmia cardíaca.
“São esses fatores, especialmente a arritmia, os causadores da chamada morte súbita, caracterizada pela ocorrência do óbito em até 1 hora após o início dos sintomas“, explica.
A principal causa de morte súbita na população geral é a doença coronariana, que deve ser prevenida pelo controle dos fatores de risco: hipertensão arterial, diabetes, colesterol elevado, tabagismo, sedentarismo e estresse.
Já em pessoas abaixo de 35 anos, doenças cardíacas — principalmente a miocardiopatia hipertrófica — e arritmias de origem genética são as mais prevalentes.
“Essa situação pode ser especialmente dramática por ocorrer em ambiente esportivo, sem nenhum sintoma prévio. Por isso, a avaliação pré-participação em atividade esportiva é de importância primordial. Quem iniciará uma prática esportiva deve procurar um cardiologista ou cardiologista do esporte para uma adequada avaliação que identifique e aborde os eventuais riscos. Isso é especialmente importante para pessoas com sintomas como cansaço, dor no peito ou desmaios ao fazer esforços, história familiar de morte súbita e doença cardíaca, além de fatores de risco já identificados“, orienta.
O que fazer em caso de mal súbito
A caracterização do mal súbito é a deterioração aguda e abrupta das condições de saúde de uma pessoa, que causa sintomas como mal-estar generalizado, tontura, sonolência ou confusão mental, palpitação, falta de ar, dores no peito ou na cabeça, entre outros.
Pode haver ainda desmaios, perda da consciência, convulsões e perda do controle da urina e das fezes.
“Caso alguém perto de você sofra um mal súbito e você não tenha treinamento para atendê-lo, é importante manter a calma e preservar a sua segurança e a da vítima em primeiro lugar. Verifique se ela responde ao colocar uma mão em cada ombro e pergunte vigorosamente três vezes: ‘você está me ouvindo?’. Se a vítima não responder, acione o serviço de emergência imediatamente“, recomenda Ceotto.
O médico ressalta ainda que, apesar de ser famosa no imaginário popular, a realização de respiração boca-a-boca não é recomendada, por ser pouco eficiente e trazer risco de contaminação. O mais indicado é que, após entrar em contato com o serviço de emergência, a pessoa que está prestando socorro siga as orientações passadas pelo telefone enquanto aguarda a chegada do resgate.
Fatores de risco
Segundo o cardiologista Bruno Ceotto, os fatores de risco para o mal súbito estão relacionados aos das doenças cardíacas, como:
- – Tabagismo
- – Colesterol alto
- – Hipertensão
- – Obesidade
- – Sedentarismo
- – Estresse
- – Diabetes
- – Predisposição genética
Prevenção
A melhor forma de evitar o mal súbito é adotar um estilo de vida com alimentação balanceada, prática regular de atividades físicas e acompanhamento regular com um médico, para avaliação dos indicadores de saúde, segundo o cardiologista Rafael Altoé, da Cardiodiagnóstico.
“Sempre que o indivíduo apresentar algum sinal como tontura, cansaço anormal ou excessivo, dores no peito, é recomendável iniciar uma investigação cardiológica. Pessoas que praticam atividade física, mesmo as jovens, devem realizar, periodicamente, testes de esforço, eletrocardiograma e ecocardiograma, para verificar as condições cardíacas“, afirma.
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