Depois do sucesso em Vitória, Linhares e São Mateus, a Escola de Fotógrafos Cegos parte para o último destino do norte capixaba. Finalmente, chegou a vez de Colatina receber os tótens com as 32 obras de autoria dos fotógrafos cegos. A exposição “Quando Fecho os Olhos Vejo Mais Perto” será aberta à visitação pública na Praça Belmiro Teixeiro Pimenta na próxima sexta-feira, 21 de junho, às 19 horas, e permanecerá durante um mês na cidade, partindo depois para o sul do Estado.
Com um projeto expográfico para áreas externas concebido por Flora Gurgel, a exposição vem acompanhada de ações educativas, com oficinas, visitas guiadas e rodas de conversa, conduzidas pela equipe da Escola de Fotógrafos Cegos e com a participação dos autores que estarão presentes na abertura.
Itinerância
Exibida ao público pela primeira vez entre maio e junho de 2023 no Parque Moscoso, em Vitória, a exposição “Quando Fecho os Olhos Vejo Mais Perto” já circulou, este ano, pelos municípios de São Mateus (de 12 de abril a 12 de maio) e Linhares (onde está instalada desde 17 de maio e fica em exibição até 17 de junho). Depois de Colatina, os fotógrafos cegos seguirão para o sul do Estado, expondo em Cachoeiro de Itapemirim, última das quatro cidades a receber o projeto itinerante.
A itinerância da Escola de Fotógrafos Cegos é fruto da iniciativa da SOCA Brasil, promovida por meio da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC), operacionalizada pelas secretarias de Estado da Cultura (Secult-ES) e da Fazenda (Sefaz-ES), e patrocínio da ES Gás, com apoio cultural do Grupo Energisa.
Processo formativo
A exposição é o resultado de oito meses da oficina de fotografia e das saídas fotográficas da Escola de Fotógrafos Cegos, projeto desenvolvido pela Associação Sociedade Cultura e Arte (SOCA Brasil) na Região Metropolitana.
A artista visual Bárbara Bragato, que assina a curadoria, escolheu 32 entre as mais de 30 mil imagens clicadas durante os meses de aprendizado. O método é fundamentado em uma releitura da diretora artística da escola, Rejane Arruda, sobre o trabalho da teórica contemporânea Charlotte Cotton.
Os tótens da exposição sintetizam o ensino estruturado em módulos: Operadores Estéticos, Alguma Coisa e Nada, Físico e Material, Era Uma Vez, Revivido e Refeito, Vida Íntima, Inexpressivas e Dispositivos são conceitos que organizam a produção fotográfica e estética de fotógrafos que não dispõem da visão, mas manejam a câmera e exercitam princípios da composição visual.
Acessibilidade
A estrutura montada para receber os visitantes contará com recursos de acessibilidade. Cada fotografia terá uma plaqueta com um QR Code que direciona para a audiodescrição da obra. Também fazem parte da equipe intérpretes de Libras para atender as pessoas com deficiência auditiva.
Em Colatina será experimentada também a acessibilidade tátil. Uma das imagens ganhará versão bidimensional, elaborada com diferentes relevos e texturas, valorizando a percepção tátil da pessoa com deficiência visual. Segundo Marina Baffini, proprietária da “Inclua-me Arte e Cultura para Todos”, que construiu a obra tátil, o intuito é “ valorizar a experiência estética de todos os visitantes, promovendo um encontro sensível entre pessoas, a arte e suas diferentes linguagens”.
“Buscamos criar uma analogia entre os objetos representados e as texturas para favorecer a compreensão dos elementos que compõem as imagens, como uma textura macia para a pele e outra áspera para a parede, por exemplo. Quanto às cores, é feito um estudo com contrastes, para atender quem possui baixa visão. O original e sua tradução são diferentes como linguagem, mas suas informações estéticas possuem uma relação de isomorfia”, enfatiza Marina.
Visitas e roda de conversa
Além das visitas guiadas à exposição voltadas a alunos dos ensinos fundamental e médio e ao público em geral, também haverá oficina de fotografia e rodas de conversa com os fotógrafos cegos sobre a forma de cada um fotografar, perceber o mundo e experienciar o seu ato fotográfico.
Já estão abertos os agendamentos para visitas guiadas em Colatina. Quem estiver interessado em levar um grupo de pessoas para conhecer a exposição precisa contatar o produtor local Marcelo Oliveira WhatsApp:
(27) 99764-8010.
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