Quando a família de Marisa Almeida da Silva deixou Belo Horizonte, em Minas Gerais, para viver no Espírito Santo, não imaginava enfrentar o sobrenatural. A história baseada em fatos reais relata os eventos misteriosos ocorridos na casa alugada décadas atrás pelos parentes da agente de saúde, em Colatina. Desde o dia 13 de abril, ela e mais nove autores de histórias selecionadas pelo Curta Vitória a Minas III estão participando de aulas em preparação das gravações que acontecerão nas cidades de origem com o envolvimento da comunidade. A imersão de 15 dias ministrada por profissionais do cinema acontecerá até 28 de abril no Terraço, localizado no alto do Morro da Bica, em Perocão, na Zona Norte de Guarapari (ES).
Os participantes aprendem noções fundamentais sobre roteiro, direção, direção de arte, produção, fotografia, som, montagem, finalização, cinema de grupo, mobilização comunitária e direitos autorais. As aulas acontecem nos turnos da manhã e da tarde, combinando aulas expositivas e práticas, exercícios de sensibilização do olhar e da escuta, experimentações de um set de filmagem e muita troca de vivências. À medida em que compartilha dúvidas e aprendizados, cada autor (a) vai construindo o roteiro, o plano de produção e o plano de filmagem para a história que contou.
Ao final do encontro, eles retornarão para suas cidades de origem para organizar a pré-produção das filmagens, mobilizar outros moradores para atividades técnicas e artísticas, escolher locações, preparar figurinos, buscar objetos de cena, organizar os personagens. Durante as filmagens, profissionais da fotografia, de som e produção se juntarão ao autor (a) e à equipe local. Em seguida, o (a) autor (a) participará da montagem e finalização do curta-metragem. Depois de prontos, os filmes serão lançados em telonas de cinema montadas em ruas e praças durante sessões gratuitas nas cidades envolvidas.
“Fazer parte deste movimento é algo inexplicável, grandioso. O projeto insere cidades de dois estados na busca por promover cultura, por fazer com que aquela pessoa que está no anonimato, mas que tem seus valores culturais, venha muito bem assessorada apresentar esta história para uma grande população. Isso faz com que a gente se sinta valorizada, promove a cultura de uma forma muito integrada e me deixa muito feliz“, relata Marisa.
Além de Colatina, a oficina audiovisual reúne autores vindos de Ibiraçu, no Espírito Santo, e de Conselheiro Pena, Governador Valadares, Belo Oriente, Ipatinga, Coronel Fabriciano, Nova Era e João Monlevade, em Minas Gerais. Esta é a terceira edição do projeto que produziu 15 filmes na primeira edição, lançada em 2014, e 10 obras, na segunda edição, lançada em 2022.
O Curta Vitória a Minas é patrocinado pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com a realização do Instituto Marlin Azul, Ministério da Cultura/Governo Federal. O objetivo é possibilitar aos moradores das cidades que se desenvolveram ao longo da Estrada de Ferro Vitória a Minas a oportunidade de contar histórias e transformar em filme, registrando as memórias, os costumes, os hábitos, as lendas e as peculiaridades destas localidades, contribuindo para o fortalecimento territorial e comunitário.
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