Colatina em Ação – 07 de agosto de 2023
Aracy Balabanian morreu nesta segunda-feira, 7 de agosto de 2023, aos 83 anos. Ela estava internada no Centro de Terapia Intensiva de um hospital da Zona Sul do Rio de Janeiro (RJ) para o tratamento de um câncer no pulmão.
Aracy Balabanian nasceu no dia 22 de fevereiro de 1940, no Rio de Janeiro. Filha de imigrantes armênios, iniciou a carreira artística na década de 1960, imortalizando personagens memoráveis na teledramaturgia brasileira, como a rabugenta Dona Armênia Giovani (Rainha da Sucata e Deus nos Acuda), a poderosa Filomena Ferreto (A Próxima Vítima) e a cômica perua Cassandra Mathias Sayão (Sai de Baixo).
Cinco vezes indicada ao Troféu Imprensa, Balabanian ganhou um em 1995, além de um Prêmio APCA e um Melhores do Ano, por seu papel antagônico em “A Próxima Vítima”.
Biografia
Seus pais vieram da Armênia para o Brasil, fugindo do genocídio promovido naquele país pelos turcos otomanos. Eles fixaram residência em Campo Grande, capital do atual estado de Mato Grosso do Sul onde Aracy e os irmãos nasceram. Seu pai se chamava Rafael Balabanian e era comerciante e sua mãe era chamada Estér Balabanian, uma dona-de-casa.
Aos quinze anos mudou-se para São Paulo com os sete irmãos e ajudava os pais na criação dos irmãos menores. Fez e passou no vestibular para Ciências Sociais e para a Escola de Arte Dramática, vindo a abandonar os estudos de sociologia, de outro vestibular que ela fez e tinha passado, para se dedicar ao teatro, sua verdadeira paixão. Diz que viveu numa época que era considerado feio uma mulher fazer teatro, já que antigamente as mulheres tinham preferência a serem donas-de-casa e cuidarem dos assuntos domésticos.
Carreira
A sua estreia em televisão foi na peça Antígona, de Sófocles, montada pela TV Tupi. Contrário à carreira da atriz, o pai de Aracy só aceitou a opção profissional da filha em 1968, quando contracenou com Sérgio Cardoso na telenovela Antônio Maria.
Se tornou uma das maiores intérpretes do meio e criou personagens inesquecíveis como a idealista Violeta de O Casarão (1976), de Lauro César Muniz, a sofrida Maria Faz-Favor de Coração Alado (1980/81), de Janete Clair, a ardilosa Marta de Ti Ti Ti (1985/86) e a misteriosa Maria Fromet de Que Rei Sou Eu? (1989), ambas de Cassiano Gabus Mendes, a excêntrica Dona Armênia das novelas Rainha da Sucata (1990) e Deus nos Acuda (1992/93), ambas de Sílvio de Abreu e aquela que talvez seja a sua mais marcante, a perversa e autoritária matriarca Filomena Ferreto de A Próxima Vítima (1995), também de Sílvio de Abreu. Interpretou, em 2004, a personagem Germana em Da Cor do Pecado, um dos personagens centrais da trama. Outro papel marcante é a de Gemma Mattoli, irmã do protagonista interpretado por Tony Ramos na novela “Passione” (2010/11). Em 2013, fez no remake de Saramandaia Dona Pupu, uma idosa mãe de um lobisomem interpretada no original por Elza Gomes.
Atuou poucas vezes no cinema e no teatro, pode-se ressaltar seus desempenhos em peças dirigidas por Ademar Guerra, como Hair, de 1968 e interpretando Clarice Lispector em Clarice Coração Selvagem, encenada em 1998. Sua personagem mais conhecida pelo grande público no teatro foi a socialite decadente Cassandra, no humorístico Sai de Baixo, gravado ao vivo do Teatro Procópio Ferreira de 1996 a 2002 para a Rede Globo de Televisão. Aracy declarou que no começo do programa, havia pedido para sair vendo que após extenso currículo de tragédias, não funcionava nesse papel cômico, acima de tudo por não segurar o riso diante dos colegas. O diretor Daniel Filho então pediu para ela rir sempre que quisesse. O riso da atriz em cena se tornou marca registrada, com Miguel Falabella chegando a dizer que ‘Se o público não entendeu a piada, a Aracy fecha’.
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