Colatina em Ação – 10 de março de 2023
Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março, a prefeitura de Colatina, continua com a série Mulheres da Terra contando a história de mulheres do campo.
No nosso terceiro e último episódio da série, você vai conhecer uma mulher que há muitos anos segue os passos da mãe e que continua fazendo feira em Colatina. Mas nem adianta procurar pela Sílvia, afinal ela é conhecida como “Zuca”.
Trajetória construída
Mais de meio século vendendo produtos do campo, caseiros, saborosos e queridos por uma clientela fiel na Feira livre. Assim é a família Vago, do Córrego do Macuco.
Sílvia Carla, conhecida como “Zuca”, 45 anos, é uma das filhas de um casal de agricultores que saía de casa e vinha para Colatina participar da Feira livre para sustentar a família. Ela conta com muito orgulho a trajetória construída pelos pais e que ela e uma irmã estão dando continuidade. Ela e a mãe agregaram valor ao negócio e elevaram o poder aquisitivo da família acrescentando a produção de massas.
“Nossos pais trabalharam por 40 anos vendendo na feira o que produziam na nossa terra aqui, de onde eu nunca saí desde que nasci. Eles trabalharam muito nas quatro décadas que colhiam o que plantavam e iam vender. Não foi fácil, pois era uma luta para criar as quatro filhas. E com a idade deles muito avançada e problemas de saúde foi preciso parar. Eles estão com 70 anos hoje, mas continuam na luta. O meu pai ainda faz o fubá que temos aqui”, conta Zuca.
Gostinho da roça
Depois que os pais pararam, Zuca e a irmã Vera assumiram as idas à feira e fazem isso até hoje. Zuca e a mãe Nilza resolveram literalmente “colocar a mão na massa” e produzir macarrão, rosca amanteigada, pão, brot e capeletti, usando forno a lenha e receitas do tempo da vovó, com aquele cheirinho e gostinho de roça.
O dia a dia é bastante puxado e começa muito cedo para darem conta de tudo. Ela conta que começa a trabalhar na casa de massas por volta das 4 horas da manhã. “Aí eu faço a massa de rosca, tiro a rosca do forno, encho o forno, e aí eu vou lá e chamo meu pai para levantar e peço para ele fazer o café. É o que ele faz pela manhã. Depois, a gente desce e começa a enrolar a rosca. Terminando a rosca, a gente, começa no capeletti ou no macarrão. Nisso tudo é muito trigo que a gente usa, pois são 10 quilos para rosca, 6 quilos para o capeletti, e quando faço macarrão são 12 quilos. Isso depende da massa que a gente faz durante o dia. E daí por diante, é assim o dia inteiro. Às vezes eu saio da casa 7 horas da noite. É um dia muito puxado para a gente, mas é muito recompensado e eu só tenho a agradecer a Deus pelo meu pão de cada dia”.
Crescer cada vez mais
Zuca também participa dos eventos e capacitações. Ela ressalta a importância do apoio que recebe da Prefeitura e que é oferecido a pequenos empreendedores, pois é uma colaboração permanente e necessária.
A mãe Nilza só tem que se orgulhar de ver a filha seguindo a trilha que ela e o marido já trilharam, não saindo da roça. Fincando o pé na terra e com alegria, encontrando oportunidades de gerar renda no mesmo lugar onde ela nasceu e foi criada. A ajuda é para ela crescer cada vez mais. Como mulher do campo, que já lutou para criar a família, ela diz feliz pelas filhas quererem ficar na roça, pela tranquilidade que o lugar oferece.
“As quatro não quiseram sair da roça. Eu tenho também uma filha que é agente de saúde, e uma outra que é muito trabalhadeira. Essa aqui fica comigo e eu tenho uma outra lá no Baixo Moacyr. Estão todas na roça, lutando, trabalhando. Criamos todas com o trabalho na roça. Eu ia para a feira e ainda fazia massas para completar as finanças, mas depois eu aposentei e deixei tudo ficou para a Zuca”, disse.
“A gente tem um exemplo de mulher muito guerreira, muito batalhadora, uma pessoa de muito exemplo, que é a nossa mãe. Eu sou muito feliz. Uma heroína. Sempre agradeço pelo meu trabalho, pois é o sustento da minha família. Sou a mulher trabalhadora batalhadora, da roça, e sou orgulhosa disso. Tenho muitas oportunidades, não vejo portas fechadas. Acho que por ser a pessoa determinada que eu sou, não vejo obstáculos na minha frente”. A mensagem que Zuca deixa para as mulheres é que elas não desistam em cada obstáculo que encontrarem pela frente. Que nada é fácil e que ela é uma prova vida disso, mas que com força e fé em Deus elas conseguem tudo o que quiserem.
Fonte: Assessoria de Comunicação – PMC – Texto: Maria Tereza Paulino
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