Em Baixo Guandu, jovem transforma dor a perda do pai em solidariedade

Colatina em Ação – 23 de janeiro de 2023

Luis Filipe Faier, tem 25 anos, é o mais velho de 4 irmãos, formado em regência musical e atualmente cursando o 2º período de jornalismo, Luís é servidor público municipal, e em 2008, com 12 anos perdeu seu pai vítima de um erro médico, viu sua mãe entrar em uma depressão profunda e passou por muitas dificuldades financeiras na época. “Nunca passei fome, mas por diversas vezes vi minha mãe deixar de almoçar para mim e meus irmãos terem o que jantar” relatou o maestro para a nossa redação.

Em 2012, com seus 3 irmãos, Luís teve o seu primeiro contato com a música, na Fanfarra da Escola João Júlio Cardoso, no bairro Valparaíso, onde ficou por 9 anos e teve sua vida transformada. O maestro conta que na banda, ele se sentiu útil, abraçado e acolhido pelas instrutoras da época, Michele Sousa e Maysa Soares, sob a orientação do maestro Luiz Mathias Santos Junior e era lá que ele esquecia dos problemas de casa, luz cortada, água atrasada, gás acabando e muita humilhação. “Conheci o lado bom das pessoas, muitas vezes dava 11h e a gente não tinha nada o que comer, e de repente chegava alguém com uma cesta básica, e eu lembro da minha felicidade quando isso acontecia. E, por outro lado, conheci a parte ruim do ser humano, de ver uma mãe dá, uma maçã para o filho e pedir ele para comer na minha frente, de não deixarem os filhos brincar conosco, pois não queria que o filho brincasse com filho sem pai”.

Jovens e adolescentes

Após sair da Fanfarra da escola João Júlio, o maestro decidiu fazer um curso de regência musical e proporcionar para outros jovens e adolescentes a mesma experiência que proporcionaram para ele lá atrás. Em 2019, sem recursos, o jovem guanduense fez um consignado (empréstimo) para montar o projeto e custear a compra de escaletas, baquetas, tecido e itens para reformar os instrumentos de percussão (bumbos e caixas) velhos que estavam desativados nas escolas municipais.

Criada no dia 7 de agosto de 2019, a COMUZZB fez sua estreia no desfile cívico da cidade do mesmo ano, um mês após a sua criação, 14 dias após sua estreia no desfile, participou do Campeonato Regional de Bandas e Fanfarras do Estado, se sagrando vice-campeã na categoria banda de percussão com instrumentos melódicos.

Com seu projeto social, Luís tem transformado a vida de vários jovens e adolescentes Guanduenses. Em março de 2023, o jovem vai inaugurar seu instituto. A ideia é criar um ecossistema de transformação social engajado na transformação de jovens e adolescentes Guanduenses que se encontram em estado de vulnerabilidade social.

Acesso à educação

Esse é o grande sonho do jovem, um projeto bem ousado. Luís explica que seu objetivo é democratizar o acesso à educação, música e cultura para os jovens que se encontram em estado de vulnerabilidade social.

O instituto terá oficinas de teatro, canto coral, banda de fanfarra, além da oficina que mais causa entusiasmo, a oficina de empreendedorismo que vai se chamar “jovens protagonistas”.

Em parceria com o projeto Base de Valor dos Guanduenses Lucas Souza e Johnathan Honorato, a oficina tem como objetivo formar jovens empreendedores, com habilidades que podem mudar suas vidas e a de seus familiares.

Além de Baixo Guandu, o instituto também vai atender a cidade de Resplendor /MG.