Colatina em Ação – 06 de outubro de 2022
A Delegacia de Polícia Civil de Jaguaré concluiu o Inquérito Policial (IP) que apurou os abusos cometidos por um médico de 53 anos durante consultas realizadas na Unidade Mista de Internação (UMI) de Jaguaré.
Durante o andamento da investigação, ficou constatado que o médico João Carlos Angeli abusou de, pelo menos, 28 homens durante os nove meses em que atuou na UMI. Além de Jaguaré, as vítimas são dos municípios de Vila Valério e Colatina.
O suspeito havia sido preso no bairro Moacyr Brotos, em Colatina, Noroeste do Estado, no último dia 19 de setembro. Na ocasião, ele foi preso durante cumprimento de mandado de prisão preventiva por ser suspeito de ter abusado de três homens na UMI.
>>>Médico é preso em Colatina suspeito de abusar de três pacientes homens durante consultas
Entretanto, com o andamento das investigações, este Inquérito Policial foi concluído no dia 23 de setembro, com 19 vítimas identificadas. Um segundo Inquérito Policial sobre o caso foi instaurado para apurar outros abusos e, até o momento, nove vítimas foram identificadas, totalizando 28.
O médico agia praticamente da mesma forma. O paciente chegava na consulta e relatava que estava com alguns problemas de saúde, como gripe e dor de garganta, mas o médico pedia para que o paciente retirasse toda a roupa, para ele fazer uma melhor análise.
“Neste momento, ele alegava que o paciente estava com uma suposta alergia nas partes íntimas, fato este que foi negado por todos os pacientes. Dessa forma, o médico pedia para o paciente ingerir dois comprimidos, de conteúdo até então não identificado”, conta a titular da Delegacia de Polícia de Jaguaré, delegada Gabriella Zaché.
Até o momento não foi possível identificar quais eram os comprimidos que o indiciado dava aos pacientes, mas as vítimas relataram que sentiram tontura e sonolência. Uma das vítimas apresentou na delegacia o comprimido, que foi encaminhado para a perícia para a identificação de seu conteúdo. Duas vítimas foram encaminhadas para Exame Toxicológico, que ainda está pendente de resposta.
Protocolo de atendimento
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Espírito Santo (CRM-ES) tem um protocolo que em consultas com queixas em partes íntimas, o atendimento seja acompanhado por outro profissional. Fato este, que o médico não cumpria.
Outros crimes
Para uma paciente do sexo feminino, o médico se apresentou como psiquiatra e cobrou por esse tipo de atendimento na UMI de Jaguaré. A paciente ia até o local para ser atendida por ele, e efetuava o pagamento de R$ 500,00 para receber atendimento psiquiátrico (três consultas foram realizadas na UMI e uma na residência da paciente). Em consulta ao CRM ES, o médico não tem especialização em Psiquiatria.
O médico foi indiciado pelos crimes de estupro (vinte e uma vezes) e tentativa de estupro (três vezes), exercício ilegal da medicina e corrupção passiva (seis vezes). Ele permanece preso.
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