Colatina em Ação – 21 de setembro de 2022
A perda de memória é o sinal mais característico e conhecido do Alzheimer, doença neurodegenerativa que afeta 50 milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com dados da Alzheimer’s Disease International (ADI). No Brasil, as estimativas são de que 1,2 milhão de pessoas convivam com a doença, que tem no dia 21 de setembro uma data importante: o Dia Mundial da Doença de Alzheimer.
A data tem como objetivo intensificar a conscientização sobre a doença, que ainda desafia a comunidade médica e científica. A ciência ainda não conseguiu determinar completamente o que desperta os gatilhos que causam essa patologia. O que se sabe é que o depósito de algumas proteínas no cérebro está associado ao desenvolvimento da doença.
“Podemos identificar o cérebro de pacientes com Alzheimer através das chamadas placas senis. Elas se formam em função do acúmulo de proteínas tóxicas no cérebro dos pacientes, que prejudicam a comunicação e a saúde dos neurônios. Essas placas se tornaram o principal marcador da doença, mas, até os dias atuais, não estão totalmente esclarecidas as causas de sua formação“, explica o neurocirurgião Bruno Borlott.
“O que se sabe é que, como consequência da formação dessas placas, ocorre perda progressiva de neurônios, o que causa os sintomas conhecidos: lapsos memoriais, irritabilidade, confusão mental, dificuldade na formulação de raciocínios e progressão gradual dos sintomas, até que se caracteriza o quadro de demência“, complementa o médico.
Isso não significa que a medicina não tenha avançado no enfrentamento ao Alzheimer. Com as pesquisas, surgiram terapias que ajudam a retardar a progressão dessa enfermidade. Assim, as linhas de tratamento permitem que os pacientes desfrutem de maior sobrevida com qualidade e autonomia.
“Nos Estados Unidos, a agência que regula a autorização para novos medicamentos aprovou, no ano passado, um novo medicamento, chamado aducanumabe, afirmando que as evidências indicavam que a substância ajudaria a reduzir as placas senis no cérebro das pessoas acometidas pelo Alzheimer. No entanto, essa aprovação foi condicionada a novos testes por lá. No Brasil, esse medicamento ainda não foi autorizado pela Anvisa“, adverte Borlott.
Como se proteger
Enquanto não se descobre um tratamento definitivo para o Alzheimer, é importante se precaver. Um estudo publicado pela revista científica The Lancet, uma das mais importantes do mundo, mostrou que fatores como sedentarismo, abuso de álcool e hipertensão podem estar presentes em cerca de 40% dos casos de demências, incluindo o Alzheimer.
“A prática de exercícios físicos regulares ajuda a controlar a glicemia e a pressão arterial, dois fatores de risco para o desenvolvimento da doença. Movimentar o corpo também provoca liberação de hormônios que melhoram a disposição e o humor, ajudando no combate à depressão que é outro fator de risco para essa patologia“, analisa o neurocirurgião.
E vale começar agora mesmo. Mesmo para idosos que nunca tiveram o hábito de praticar atividades físicas, iniciar uma rotina ativa, sob orientação médica, já produz efeitos benéficos.
Associada ao exercício físico, a alimentação balanceada reduz os riscos de hipertensão, o que tem um efeito protetor em relação ao Alzheimer. As pesquisas têm indicado que a hipertensão pode estar associada ao maior risco de problemas no cérebro.
“Por fim, cultivar sono de boa qualidade é fundamental. Durante o sono, nosso cérebro se renova, é feita uma verdadeira limpeza e restauração das suas funções, momento importante para que as memórias sejam fixadas. Além disso, tem se descoberto que distúrbios do sono possuem relação com a deposição de proteínas chamadas de beta-amiloide e tau, que causam as placas senis, encontradas no cérebro da primeira paciente identificada com Alzheimer, há mais de 100 anos“, finaliza Borlott.
Bruno Borlott - Neurocirurgião
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