Confundido com obesidade, o lipedema pode limitar movimentos e causar danos psicológicos
* Drª Patrícia Lyra Frasson
Colatina em Ação – 15 de setembro de 2022
Acúmulo de gordura nas pernas, inchaço e desproporcionalidade do corpo, principalmente em mulheres, pode ser sinal de lipedema, uma doença crônica e ainda pouco conhecida.
Reconhecida este ano pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com um CID, a classificação internacional de doenças, a enfermidade caracteriza-se pelo acúmulo anormal de gordura em regiões específicas do corpo, como pernas, braços, joelhos e coxas. Estima-se que uma em cada dez mulheres tenha a doença no mundo, segundo dados da Sociedad Española de Medicina Estética (SEME).
A cirurgiã plástica e professora da Ufes Patricia Lyra alerta que o lipedema não é uma gordura localizada. “A doença acomete quase exclusivamente mulheres, desencadeada por momentos de desequilíbrio hormonal. Menopausa, gravidez e uso de anticoncepcional acabam sendo gatilhos para a doença. O surgimento tem a ver com o fator genético também“, explica.
Segundo a especialista, apesar de ser mais comum do que se imagina, o quadro costuma ser confundido com obesidade. Muitas mulheres tentam emagrecer de todas as formas, fazem dietas, praticam exercícios físicos, mas não conseguem diminuir a gordura das pernas, gerando grande frustração.
“Existem diferenças pontuais entre as doenças, a mulher com lipedema tem o corpo desproporcional, com maior acúmulo de gordura nas extremidades do corpo, e não no tronco. Há mulheres magras que sofrem com a doença também“.
O diagnóstico é clínico, feito por meio da história clínica da paciente e do exame físico, outros exames podem ser solicitados para descartar outras doenças. O lipedema pode ser classificado em cinco tipos diferentes, conforme a localização, e em 4 estágios, considerando a gravidade da doença. O tratamento deve ser individualizado e multidisciplinar.
Sinais da doença
- Corpo desproporcional, com a parte inferior maior que a superior
- Dores locais
- Peso nas pernas
- Inchaço
- Hematomas
- Dificuldade para subir escadas e/ou andar
- Dificuldades e desconforto para usar calças
- Não obter resultados com a inserção de dietas e exercícios físicos
Tratamento
Há dois tipos de tratamento para o lipedema, o clínico e o cirúrgico.
O clínico inclui dieta balanceada e personalizada, considerando as particularidades da paciente e iniciando pela inclusão de alimentos anti-inflamatórios; exercícios físicos de baixo impacto, especialmente atividades aquáticas. Além disso, inclui-se drenagem linfática e uso de meias de compressão.
Já o cirúrgico é feito com lipoaspiração e deve ser realizado por médico habilitado, como o cirurgião plástico.
A médica Patricia Lyra reforça que, independentemente do tratamento, é essencial a assistência de uma equipe multidisciplinar, formada por angiologista e cirurgião vascular, cirurgião plástico, dermatologista, ginecologista, endocrinologista, nutricionista, fisioterapeuta e, em alguns casos, psicólogo.
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