Portal Colatina em Ação – 23 de agosto de 2021
Falta de chuva deixou o nível da água mais baixo e mudou o cenário ao longo do rio na região de Colatina, no Noroeste do Estado
Professor de Ciências Biológicas da Universidade Vila Velha (UVV) e pesquisador em ecotoxicologia, Levy Gomes explicou que o Rio Doce tem um ciclo anual que envolve dois períodos de seca e um de chuva. O período chuvoso coincide com o verão, e o seco, com inverno.
“É natural que apareçam bancos de areia durante este período de seca. Há anos em que aparecem mais, e outros, menos. Depende do quanto chove”, disse.
Ele acrescentou que, este ano, teve uma seca abaixo do esperado. “Há também os fatores agravantes. A bacia é bastante degradada.
“A presença de areia no rio é tão grande que parece que dá para andar pelo Rio Doce. Isso não é normal”, relatou.
Fornecimento de água
A Prefeitura de Colatina informou que o monitoramento do Rio Doce é realizado rotineiramente. Também esclareceu que a vazão do rio não interfere no fornecimento de água para o município e que, mesmo com bolsões de areia ou nível baixo de água, não ocorre falta de abastecimento.
Bancos de areia
O cenário ao longo do Rio Doce tem chamado a atenção por conta dos bancos de areia cada vez maiores na região de Colatina, no Noroeste do Estado. A escassez de chuva deixou o nível do rio mais baixo, provocando o problema.
De acordo com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), em grande parte do Estado, a precipitação observada em maio não passou de 30 mm, representando de 50% a 75% abaixo da chuva esperada de acordo com a média histórica.
Além da falta de chuvas, outros fatores contribuem para os bancos de areia no Rio Doce. O doutor em Engenharia Agrícola e professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Abrahão Elesbon, lista quatro pontos que favorecem esse cenário:
- Uso e ocupação do solo de forma errada;
- Aumento do consumo de água;
- Lançamento de esgoto, dejetos e lixo;
- Degradação socioeconômica da sociedade.
” A gente precisa entender que em uma bacia hidrográfica não existe zona urbana e rural. É preciso integrar as ações, trabalhando com a conservação do solo e da água”, revela.