Uma Colatina Que Ninguém Vê
Crônica – Nilo Tardin e Laili Campostrini Tardin
Portal Colatina em Ação – 19 de março de 2021
Detrás do incrível pôr do sol, o desenho de um ser gigantesco renasce a cada dia entre as deslumbrantes cores do céu de Colatina, noroeste do Espírito Santo.
Até hoje, a nítida imagem tem passado despercebida acima da vastidão do Rio Doce.
Mas eu vi. Renatinho Ferreira também viu quando vivo num dos nossos esbarrões na ponte Florentino Avidos.
A bela figura da Mulher Deitada está ali há 650 milhões de anos, sem dar na pinta de sua grandeza na paisagem. O tempo geológico parece não ter sequer arranhado sua beleza petrificada.
A correria do dia é a cortina que encobre a figura da Giganta Adormecida do Rio Doce composta por uma misteriosas cadeia de montanha nas bandas de Baixo Guandu e Aimorés.
Se caso ainda não percebestes, daqui pra frente vai notar a silhueta perfeita. Tudo indica que virará cartão postal emoldurado ao Sol Poente, um dos mais belos do mundo.
A cabeça ondulada de rochedos é verdejante e serena. Os seios são entrecortados pelas montanhas ocultas rodeada de florestas sombrias.
O ventre saliente se alonga dos pés postados a quilômetros da face. “A semelhança impressiona”, destaca o jornalista José Vicente Mendes do alto do Jardim Planalto.
A cadeia montanhas açoitada pelo vento, chuva e a mercê da temperatura inclemente trouxe à baila a fabulosa imagem que na certa será uma nova paisagem da cidade centenária.
O experiente geólogo, o gaúcho Wanderley Bica revela que a criação da Giganta Adormecida é fruto da ação do tempo inclemente, vento, chuva e temperatura ou intemperismo à luz da ciência.
Duas bicadinhas virtuais no rochedo com seu martelo virtual de perfuração, Wanderley revela que as rochas são predominantes da Formação do Corpo Ortognaise Santa Teresa pertencentes a Era Neproterozóico período Ediacarano.
Ou seja, ela está desde que a vida começou a explodir na Terra. “A evolução do relevo é marcada por duas fases. O granito foi submetido a dilatação, formando as encostas mais íngremes. A outra pelas fraturas que ajudaram a esculpir as grandes lajes exposta que lhe dão o formato extraordinário”, explicou o geólogo especialista.
Já os psicólogos explicam que essa faculdade de reconhecer imagens em nuvens, montanhas e sombras é reconhecida como pareidolia.
Fonte: Diário Digital Capixaba