Atleta iniciou no futebol aos 14 anos aos 16 anos foi para o Ítalo-Brasileiro.
Peter Falcão – Pauta Livre Assessoria
Portal Colatina em Ação – 05/01/2021
Marcelo Dedão partia com o coração em chamas em busca da bola e a conquistava sem pedir licença. Missão dada a ele, parceiro, era missão cumprida. Tinha vigor físico impressionante. Tanto que atuou em todas as 12 partidas, sem sair de quadra um segundo sequer.
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Seu exemplo inspirava os demais. Sua determinação encantava plateias. Não demorou muito para a imprensa apelida-lo “Rei da raça”.
Viril, mas jamais desleal. Marcelo era, sobretudo, digno guerreiro. Para superá-lo teriam que deixar as almas em quadra e, desculpe-me o sacrilégio, repletas de suor.
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Tinha grande capacidade de antecipação e rápida recuperação. Destemido, encarava as divididas como se não houvesse amanhã. Mas houve. Ele foi um dos heróis de um dos títulos mais importantes da história dos esportes coletivos do Estado.
O localizamos perto de completar 30 anos da única conquista do futsal capixaba com um clube, o da Taça Brasil Juvenil de Futsal, pelo Saldanha.
Na rica entrevista que nos concedeu, Dedão falou de sua carreira e muito dos bastidores da saga gloriosa. Ouvi-lo é resgatar os tempos maravilhosos do futsal, de ginásios lotados, de escolinhas efervescentes e de talentos geniais que ignoravam a palavra “impossível”.
Vida longa ao “Rei da raça”! É o que clamam seus súditos. “Eis aqui mais um”.
Entrevista:
*Marcelo Dedão, em primeiro lugar, é prazer imenso entrevista-lo. Por favor, para começar, como iniciou no futsal?
- Iniciei no futsal no Colégio Salesiano com o professor Júlio Cesar Roxo, aos 14 anos, depois, com 16 anos, fui para o Ítalo-Brasileiro.
*Você imaginava que poderia ser campeão brasileiro?
- Não era sonho para garoto que começou a treinar em clube com 16 anos. Ser campeão brasileiro, com 19 anos, era inimaginável.
*Em 2021, o título de campeão da Taça Brasil Juvenil de Futsal do Saldanha completa 30 anos. Parece que foi ontem…
- Sim parece que foi a alguns poucos anos atrás, é muito presente na memória.
*Foi emocionante!
- Sim, um feito histórico para uma equipe amadora, que enfrentou, na caminhada até o título, várias equipes profissionais, mesmo sendo uma categoria sub 20.
*Você lembra como o time do Saldanha se formou?
Naquele ano, duas equipes capixabas disputariam o Brasileiro: Saldanha e Ítalo. A maioria dos atletas foi para o Ítalo, inclusive, eu e Silvinho, mas, devido alguns fatores, resolvemos integrar o grupo do Saldanha.
*Vamos ser sinceros, o time tinha banco limitado…
- Correto. Normalmente somente dois atletas entravam no jogo que eram o Pandino e o Klebinho, mas o restante do grupo foi tão importante quanto eles, de várias formas, durante a campanha. Lembro que, em vários momentos difíceis dos jogos, quando olhávamos para o banco, e esses que pouco entravam nos jogos passavam um incentivo enorme para gente.
*O comportamento do grupo era exemplar, de muito respeito…
- Era a nossa torcida, pois, jogamos a fase classificatória em Colatina (ES) onde a torcida era para o Ítalo que estava representando a cidade e a fase final que foi em Pelotas (RS). Não posso esquecer que em Colatina tínhamos uma torcida especial, a família de Silvinho, que todos os dias se deslocava de Vitória para lá, visando a nos incentivar.
*A preparação não teve mistérios…
- Foi toda feita aqui em Vitória, no Saldanha da Gama. Eram treinos muito disputados, mas com muita união.
*A fase inicial em Colatina (ES) foi tensa…
- Sim, nos classificamos na última rodada contra o time de Mato Grosso que já estava fora. Acabou o primeiro tempo 2X1 para eles e só precisávamos empatar para classificar.
*Para quem estava na arquibancada foi desesperador, posso te dizer…rsrs
- Lembro que fomos para o vestiário sem acreditar no que estava acontecendo. Foi aí que Toninho Marins reuniu todos nós em um círculo e chorando (o que foi uma surpresa ver um treinador tão experiente vir as lágrimas) nos orientou e incentivou. Voltamos para o jogo e viramos a partida. Foi a única vez que vi Toninho Marins chorando ou um outro técnico com quem trabalhei tão emocionado.
*Vocês não fizeram as refeições no restaurante oficial do evento…
- Sim. Seu Hélio de Jesus, diretor de futsal do Saldanha, não gostou da alimentação do restaurante e nós mudamos de estabelecimento.
*Como foi a viagem até Pelotas (RS), após a classificação?
- Fomos de avião até Porto Alegre, depois pegamos um ônibus até Pelotas. Começamos a passar frio dentro do ônibus quando começou a se aproximar de Pelotas: era inverno, fazia zero grau à noite.
*O que lembra do começo da competição?
- Lembro que folgamos na primeira rodada, mas eu e Silvinho resolvemos ficar no ginásio, após a abertura oficial, para assistir aos jogos da nossa chave. Foi quando assistimos ao jogo entre General Motors x Sadia e olhamos um para o outro e falamos: “Vamos tentar vencer os outros dois times da chave e depois o que vier é lucro”.
*Você atuou em todos os jogos…
- Sim, não saí nenhum segundo nos 12 jogos da campanha. Até hoje não entendo porque Marins não me tirou em nenhum jogo, até naqueles que goleamos, que ele trocava, inclusive, o goleiro para dar oportunidade para todos jogarem.
*Sua forma física impressionava…
- Eu ficava também impressionado, pois, acabavam os jogos e depois de dez minutos parecia que não tinha jogado uma partida tão disputada.
*Na final General Motors (GM) era favorita…
- Sim, era o atual bicampeão brasileiro, com grandes jogadores, que, posteriormente, foram campeões mundiais pela seleção brasileira.
*E o Saldanha atuou sem Silvinho, o pivô, craque espetacular…
- Sim, tomou o terceiro cartão amarelo na semifinal, ficamos preocupados, mas, graças a Deus, Pandino entrou e deu conta do recado.
*Foi sensacional, épica conquista…
- Verdade. Foi sobre um time com grande estrutura, totalmente profissional, com jogadores de toda parte do Brasil. Para se ter ideia se fossem campeões ganhariam um carro de premiação.
*O que lembra da comemoração?
- Saímos pela cidade à noite comemorando e só acabou em Vitória.
*Na época, lembro do governador Albuíno Azeredo entregando diplomas no Forte São João. Sem contar os churrascos comemorativos, as manchetes de jornais…
- Tenho muito orgulho dessa façanha que ficou marcado para sempre na história do salonismo capixaba. A sensação de um título dessa expressão é indescritível, algo que vai ficar dentro da gente para sempre.
*Inesquecível é a palavra…
- Foi um título com muita dedicação de todos, desde seu Arlindo, que cuidava da rouparia e do ginásio do Saldanha, dos atletas, da comissão técnica e da diretoria. Um momento único que vai ficar para a eternidade.