Portal Colatina em Ação – 01/08/2020
Foi a primeira vez em quase cinco meses que o Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves realizou um transplante de múltiplos órgãos de um paciente que estava internado na unidade. A doação pode beneficiar seis pacientes que estão na fila de espera por um transplante.
A última captação desse tipo na unidade foi em fevereiro, antes da mudança de perfil do Hospital, que passou a atuar como centro de referência para tratamento da Covid-19 no Estado.
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O paciente doador chegou ao hospital com suspeita de Covid-19, trazido pelo SAMU. Ele passou então por exames laboratoriais e de imagem que diagnosticaram um acidente vascular cerebral (AVC), inclusive dois testes PCR em tempo real foram realizados com resultados negativos para o novo Coronavírus.
Diante da situação, a equipe médica caminhou para a abertura do protocolo de morte encefálica. A abordagem familiar foi realizada pela Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do Hospital Dr. Jayme. “Essa abordagem é sempre difícil. Nos colocamos no lugar dessa família e entendemos a dor que estão sentindo, mas precisamos fazer esse trabalho.
Essa família, em especial, manifestou então o desejo da doação antes mesmo de comunicarmos o estado de saúde do paciente. Eles disseram que mesmo na morte ele faria algo de bom para alguém”, conforme disse a enfermeira da CIHDOTT do Hospital Dr. Jayme, Ellen Costa.
Captação dos órgãos
Após a decisão da família, a Central Estadual de Transplantes do Espírito Santo (CET-ES), foi então acionada e mobilizou as equipes para captação dos órgãos. As cirurgias tiveram início assim na manhã da quinta-feira (30), no Centro Cirúrgico do Hospital Jayme Santos Neves e contaram com a participação de um cirurgião cardíaco, uma cirurgiã geral, um cirurgião do aparelho digestivo, um médico residente e uma enfermeira do Centro de Transplantes do Hospital Meridional que, junto da equipe do Hospital Jayme com dois anestesistas, três técnicos de enfermagem e um enfermeiro concluíram a retirada do coração, fígado e rins. Em seguida, a equipe do Banco de Olhos entrou em sala para fazer a retirada das córneas.
“Em tempos tão difíceis que vivemos, esse sim familiar vai permitir que seis pacientes tenham uma nova chance. Essa família demonstrou que o amor é o bem maior do ser humano”, conforme concluiu o cirurgião do aparelho digestivo, Paulo Henrique Souza.