Músico colatinense Gil Ayo sucesso na Europa liderou primeiro grupo de rock’n’roll capixaba
Redação Nilo Tardin / Laili Campostrini Tardin – 30/07/2020
Os nativos da ilha caribenha não conseguiam de modo algum falar seu nome direito. Daí o versátil músico Gilson Martins virou Gilayo, na língua crioula de Guadalupe onde viveu de música durante 23 anos após deixar Colatina (ES) e ganhar o mundo.
O trocadilho Gil Ayo colou. A canção autoral “Ayô” sucesso nas rádios e televisões antilhanas consolidou o codinome artístico do guitarrista, cantor e compositor colatinense.
Gilayo – Gilson conversa nesta sexta-feira, 31 com a jornalista a também colatinense Margô Dalla no Talking Show dela. A entrevista internacional ao vivo está marcada para as 13h de Colatina – Brasil e 18 h de Amesterdão e França.
Para acompanhar basta acessar @margodalla no Instagram. Não Percam.
Agora de volta a França onde reside, a profissão que abraçou aos 15 anos quando aprendeu a tocar o violão emprestado, rendeu a façanha de sair da favela no Bairro Operário em Colatina ao Olympia de Paris.
Ainda Gilson Martins liderou nos Anos 1960 a primeira banda de rock’n’roll do Espírito Santo, a fabulosa Jet Boys na onda dos Beatles e Rolling Stones.
Junto aos amigos Romiques, o Mike (Já falecido), Zezinho, Alonso, Luizinho, Tatagiba e Beto reinou no meio musical capixaba até 1970. Tocaram com astros do Iê Iê Iê tal qual Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Martinha, Wanderléia e Rosemery entre outras estrelas nacionais.
O conjunto arrasava de verdade nas exibições, relata Moacyr Dalla Júnior, o Moá que tocou Hello Goodby com os Jet Boys deitados no chão na histórica apresentação do show de abertura do Brazilian Beatles em Guarapari.
“De manhã, após o evento o então prefeito mandou três tratores derrubar a Choupana onde foi realizado o show com tudo dentro e jogar no rio”, conforme recordou.
Na conversa, o músico abre a mente e o coração ao contar aos leitores do DDC a espetacular saga pelos palcos da vida, casos engraçados da época de pop star capixaba e planos pós pandemia.
Enquanto durou, a banda de rock deslumbrou uma geração de jovens da região norte e noroeste do estado. Úm mérito que garante o registro no hall da fama e das reportagens do DDC alusivas ao Centenário de Colatina que acontecerá em 30 de dezembro de 2021.
EntreVisTA:
DDC – Quem é Gilson Martins? Como tudo começou? Um perfil e pequena biografia de apresentação aos leitores do DDC. Há quanto tempo você possui paixão pela música ?
Gil Ayô – Nascido em Colatina, criado no Bairro Operário, filho do carroceiro Geraldo Alves Martins – conhecido como Durango Kid e de Nadir Vieira Martins, (que Deus os tenham) comecei a tocar violāo com 15 anos de idade, ajudado pelo amigo Antonio Barbeiro, Toninho e Afonso Portugal.
Aos 16 anos comecei à trabalhar na Rádio Difusora de Colatina como sonoplasta em seguida também como locutor. Eu tinha o programa Encontro Com A Juventude ao meio dia. Uma característica era começar com uma música dos Beatles. Em 1970, a família se mudou pra Vitoria. Eu os segui. Trabalhei na CVRD durante alguns anos em 1982, mudei para a França onde estou até hoje.
Em seguida fui pra Vitória , onde fiz parte de todas as bandas de bailes mais reputadas da capital, a partir de 1974 comecei carreira solo, compondo minhas próprias canções. É o que faço até hoje, atualmente na Europa, mais precisamente na França e no caribe francês.
– Qual canção é capaz de ouvir repetidas vezes sem se cansar ou ficar doido?
* Like A Roling Stones do Bob Dylan.
– Três artistas que adoraria dividir no palco?
* Com Almir Sattler, Paul Simon ou Neil Yung. Já dividi com Moraes Moreira, além de outros aqui na Europa e Caribe.
– Conte um caso engraçado referente à sua profissão.
* Em um deles, o The Jet Boys comprou uma guitarra pra mim, com alavanca (novidade na época) fizemos um show no Cine Floresta em Sâo Silvano. O carro de propganda das Casas Valory saiu anunciando pela cidade, naqueles Jeep Toyota com um alto-falante em cima: “grande show da banda The Jet Boys com Gilson Martins estreando sua guitarra de alavanca”… (Risos)
Já então o segundo foi mais engraçado. Foi assim: fizemos shows para a campanha política do Pergentino de Vasconcellos. Viajávamos no caminhão do Beijinho Rossi. Em uma dessas apresentaçôes fomos à Novo Brasil, depois do discurso do Pergentino começamos a fazer nosso show. De repente começou un tiroteio.
Continuamos a tocar. Aí um cara puxou uma faca e o Pergentino pulou do caminhâo e tomou a faca do meliante, em seguida, saimos em disparada com o caminhâo, pois o negocio tava ficando feio, mas nâo houve feridos. Foi mais medo e barulho do que perigo. Kkkkkkkkk
– The Jet Boys – Início – Auge – Fim – Integrantes – instrumentos – e tudo que puder recordar:
* Em numa noite chuvosa em frente à Radio Difusora conheci o saudoso Romiques de Oliveira. o Mike, ele me propos de criar a Banda THE JET BOYS.
Era formado da maneira seguinte: Mike guitarra base, – Luizinho Barbosa Baixista, substituído em seguida por Argeu Douglas, Alonso Alves era o cantor principal, Zezinho guitarrista – nâo me lembro seu nome de família; trabalhamos pouco tempo juntos, Tatagiba, baterista que morava em Barra de São Francisco e com isso dificultava os ensaios. Então convidei o Beto Pato Rouco ainda só com 17 aninhos. Tive que assinar um documento me responsabilizando por ele.
E assim começou a aventura de uma das primeiras bandas de Rock Iê Iê Iê do Espírito Santo. Durou de 1965 até 1970.
Auge – Era o ano de 1966. Fizemos o concerto mais fabuloso de nossa carreira, na Choupana em Guarapari, quem tinha acabado de fazer show foi The Brazilian Beatles muito famoso na época ajudado pelo Moacizinho Dalla, o Moá. Ficamos hospedados na casa dele. Também tínhamos o nosso motorista e protetor que viajava para todos os lados com a gente, o Paulinho Bixote, irmão do dono da Casa Esmar.
– Auge 1967, na festa de Colatina, no palanque principal, acompanhamos as principais estrelas da época: Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Rosimery.
Nessa mesma ocasião fizemos nosso primeiro show, no Club ARCI no Ibes em Vila Velha. Quem conseguiu esse contrato foi o Marcão Lima – que Deus o tenha – nosso grande apoiador. Fomos convidados em seguida para outras apresentações acompanhando também, a cantora Martinha e Odair José.
Os nativos da ilha caribenha não conseguiam de modo algum falar seu nome direito. Daí o versátil músico Gilson Martins virou Gilayo, na língua crioula de Guadalupe onde viveu de música durante 23 anos após deixar Colatina (ES) e ganhar o mundo.
O trocadilho Gil Ayo colou. A canção autoral “Ayô” sucesso nas rádios e televisões antilhanas consolidou o codinome artístico do guitarrista, cantor e compositor colatinense.
Volta a França
Gilayo – Gilson conversa nesta sexta-feira, 31 com a jornalista a também colatinense Margô Dalla no Talking Show dela. A entrevista internacional ao vivo está marcada para as 13h de Colatina – Brasil e 18 h de Amesterdão e França.
Para acompanhar basta acessar @margodalla no Instagram.Não Percam.
Agora de volta a França onde reside, a profissão que abraçou aos 15 anos quando aprendeu a tocar o violão emprestado, rendeu a façanha de sair da favela no Bairro Operário em Colatina ao Olympia de Paris.
Ainda Gilson Martins liderou nos Anos 1960 a primeira banda de rock’n’roll do Espírito Santo, a fabulosa Jet Boys na onda dos Beatles e Rolling Stones.
Junto aos amigos Romiques, o Mike (Já falecido), Zezinho, Alonso, Luizinho, Tatagiba e Beto reinou no meio musical capixaba até 1970. Tocaram com astros do Iê Iê Iê tal qual Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Martinha, Wanderléia e Rosemery entre outras estrelas nacionais.
O conjunto arrasava de verdade nas exibições, relata Moacyr Dalla Júnior, o Moá que tocou Hello Goodby com os Jet Boys deitados no chão na histórica apresentação do show de abertura do Brazilian Beatles em Guarapari.
“De manhã, após o evento o então prefeito mandou três tratores derrubar a Choupana onde foi realizado o show com tudo dentro e jogar no rio”, recordou.
Na conversa, o músico abre a mente e o coração ao contar aos leitores do DDC a espetacular saga pelos palcos da vida, casos engraçados da época de pop star capixaba e planos pós pandemia.
Enquanto durou, a banda de rock deslumbrou uma geração de jovens da região norte e noroeste do estado. Úm mérito que garante o registro no hall da fama e das reportagens do DDC alusivas ao Centenário de Colatina que acontecerá em 30 de dezembro de 2021.
EntreVisTA:
DDC – Quem é Gilson Martins? Como tudo começou? Um perfil e pequena biografia de apresentação aos leitores do DDC. Há quanto tempo você possui paixão pela música ?
Gil Ayô – Nascido em Colatina, criado no Bairro Operário, filho do carroceiro Geraldo Alves Martins – conhecido como Durango Kid e de Nadir Vieira Martins, (que Deus os tenham) comecei a tocar violāo com 15 anos de idade, ajudado pelo amigo Antonio Barbeiro, Toninho e Afonso Portugal.
Aos 16 anos comecei à trabalhar na Rádio Difusora de Colatina como sonoplasta em seguida também como locutor. Eu tinha o programa Encontro Com A Juventude ao meio dia. Uma característica era começar com uma música dos Beatles. Em 1970, a família se mudou pra Vitoria. Eu os segui. Trabalhei na CVRD durante alguns anos em 1982, mudei para a França onde estou até hoje.
Em seguida fui pra Vitória , onde fiz parte de todas as bandas de bailes mais reputadas da capital, a partir de 1974 comecei carreira solo, compondo minhas próprias canções. É o que faço até hoje, atualmente na Europa, mais precisamente na França e no caribe francês.
– Qual canção é capaz de ouvir repetidas vezes sem se cansar ou ficar doido?
* Like A Roling Stones do Bob Dylan.
– Três artistas que adoraria dividir no palco?
* Com Almir Sattler, Paul Simon ou Neil Yung. Já dividi com Moraes Moreira, além de outros aqui na Europa e Caribe.
– Conte um caso engraçado referente à sua profissão.
* Em um deles, o The Jet Boys comprou uma guitarra pra mim, com alavanca (novidade na época) fizemos um show no Cine Floresta em Sâo Silvano. O carro de propganda das Casas Valory saiu anunciando pela cidade, naqueles Jeep Toyota com um alto-falante em cima: “grande show da banda The Jet Boys com Gilson Martins estreando sua guitarra de alavanca”… (Risos)
Já o segundo foi mais engraçado. Foi assim: fizemos shows para a campanha política do Pergentino de Vasconcellos. Viajávamos no caminhão do Beijinho Rossi. Em uma dessas apresentaçôes fomos à Novo Brasil, depois do discurso do Pergentino começamos a fazer nosso show. De repente começou un tiroteio.
Continuamos a tocar. Aí um cara puxou uma faca e o Pergentino pulou do caminhão e tomou a faca do meliante, em seguida, saímos em disparada com o caminhão, pois o negocio tava ficando feio, mas não houve feridos. Foi mais medo e barulho do que perigo. Kkkkkkkkk
– The Jet Boys – Início – Auge – Fim – Integrantes – instrumentos – e tudo que puder recordar:
* Em numa noite chuvosa em frente à Radio Difusora conheci o saudoso Romiques de Oliveira. o Mike, ele me propos de criar a Banda THE JET BOYS.
Era formado da maneira seguinte: Mike guitarra base, – Luizinho Barbosa Baixista, substituido em seguida por Argeu Douglas, Alonso Alves era o cantor principal, Zezinho guitarrista – nâo me lembro seu nome de família -, trabalhamos pouco tempo juntos, Tatagiba, baterista que morava em Barra de Sao Francisco e com isso dificultava os ensaios. Então convidei o Beto Pato Rouco ainda só com 17 aninhos. Tive que assinar um documento me responsabilisando por ele.
E assim começou a aventura de uma das primeiras bandas de Rock Iê Iê Iê do Espírito Santo. Durou de 1965 até 1970.
Auge – Era o ano de 1966. Fizemos o concerto mais fabuloso de nossa carreira, na Choupana em Guarapari, quem tinha acabado de fazer show foi The Brazilian Beatles muito famoso na época ajudado pelo Moacizinho Dalla, o Moá. Ficamos hospedados então na casa dele. Também tínhamos o nosso motorista e protetor que viajava para todos os lados com a gente, o Paulinho Bixote, irmão do dono da Casa Esmar.
– Auge 1967, na festa de Colatina, no palanque principal, acompanhamos as principais estrelas da época: Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Rosimery.
Nessa mesma ocasião fizemos então nosso primeiro show, no Club ARCI no Ibes em Vila Velha. Quem conseguiu esse contrato foi o Marcão Lima – que Deus o tenha – nosso grande apoiador. Fomos convidados em seguida para outras apresentaçôes acompanhando também, a cantora Martinha e Odair José.
– Quais foram às maiores influências musicais no início de carreira (essa não podia faltar camarada Martins)
* Brasil: Luiz Gonzaga – Nordeste – Pedro Bento e Zé da Estrada, Luizinho ,Limera e Zezinho ( música sertaneja).
Internacional: Bob Dylan, Paul Simon, James Taylor, Crosby, STill, Nash and Young, The Beatles, The Rolling Stones, The Animals, Be Gees
Por que escolher a França?
*Não escolhi a França, poderia ter sido então um outro pais. Eu queria viajar. Sempre tive sonhos de viajar pelo mundo tocando minhas cançôes.
Um Amigo meu , Morris Brown na época, superintendente da Fronibla – CVRD -, me propôs de conseguir uma passagem grátis em um navio cargueiro. Assim foi feito.
Porque a França ? Elza Camatta, esposa desse amigo Morris Brown, recebeu na casa deles uma amiga cantora a Betina Aarão também da cidade de Castelo, a que morava na França.
Era casada com Maxime Le Forestier cantor francês muito famoso que também estava nesse jantar. Daí me propuseram ajuda caso eu quisesse viajar pra França. E assim foi 19 dias em um navio cargueiro de minério com a cantora brasileira capixaba de Afonso Cláudio Leticia Fafá. Embarquei em Ubu até a Bélgica. Em seguida Paris onde vivi 10 anos.
Depois fui morar no Caribe (na ilha francesa de Guadeloupe),durante 23 anos. Hoje de retorno a Paris. Até quando ? Só Deus sabe.
– Este ano teremos eleições aqui. O que o Gilson quer dos políticos de um modo geral e na cultura?
* Segui e sigo ainda de perto a evolução da nossa política, tem um lado positivo que é o acordar do nosso povo pelo interesse politico até então adormecido e sufocado pelo carnaval e o futebol.
Amigos contando relações
O lado negativo é esse ódio pelo outro que vota no partido contrário ao dele. Isso me deixa triste. Vejo até amigos cortando relaçôes por isso, inclusive eu fui excluido do Facebook de um conterrâneo.
Quanto a nossa cultura, no meu ponto de vista, precisa ser revisada pois acredito estar tendo uma inversão de valores. Esse assunto levaria horas e horas para ser tratado, e tenho receio de ser mal interpretado por isso não me pronuncio mais do que isso.
– Já sofreu algum tipo de preconceito na carreira, sobretudo na época do The Jet Boys. Já passou por situação dessas?
*Sim. Na época, cabeludo, roqueiro, era mal visto por uma parte da sociedade, mas isso não me incomodou, eu gostava de provocar e chocar os conceitos.
Dentro do nosso nível humilde acredito termos contribuido para a evolução da mudança de valores pré-concebidos assim como fomos inspirados por outros. Mas foi positivo. Apesar de tudo graças ao The Jet Boys e a Radio Difusora de Colatina consegui evoluir socialmente.
Enfim, resumo da jornada: Da favela do Operário ao teatro mais mítico L’Olympia de Paris. Obrigado à Deus e ao apoio dos meus amigos colatinenses e da minha família.
Gostaria de fazer um grande concerto em Colatina: principalmente na Festa Da Cidade e em frente minha casa no Bairro Operário onde tem a escola primária. Gostaria de fazer um agradecimento a toda juventude daquela época que nos apoiaram de maneira incondicional.Citar nomes é difícil pois eram muitos, tenho medo de esquecer alguém.
Fotos>> Reprodução da coletânea de Gilson Martins
Fonte: Diário Digital Capixaba