Redação Colatina em Ação – 11/09/2019
O Renault azul repousa sereno com os quatro pneus arriados e vidro entreaberto na movimentada esquina da agência da Caixa em São Silvano, o maior e mais populoso bairro de Colatina, noroeste capixaba.
Cheio de poeira, as lanternas, faroletes, retrovisor e a tampa do tanque foram surrupiadas pelos aproveitadores da coisa alheia, a lateral amassada e lixo acumulado agravam a situação do carro largado ali há mais de dois anos sem ser importunado conforme estima a vizinhança da rua.
Não muito longe, no Anchieta – parte alta de São Silvano-, a velha Kombi ficou camuflada atrás de uma cortina de tijolos da construção, logo atrás o Chevette destroçado acompanha a destruição da amiga também fora de linha.
A crise empurrou dezenas automóveis e até van para a via publica, nos passeios e portas das casas, seja pelo falta de pagamento do imposto, conserto ou manutenção inviável. Muitas dessas latas velhas estão fora da lei sem a placa traseira lacrada, a identificação do veículo na cidade do trânsito municipalizado que virou o “paraíso do carro abandonado na rua”, diz o escriturário Alberto Sabrit, 45 anos.
“É um absurdo. Falta fiscalização” destaca o despachante Rubens Sede, 58 anos que afirma ficar preocupado com a hesitante fiscalização da guarda municipal de trânsito – ‘rigorosa na hora de punir o contribuinte e vira as costas para o problema do carro velho na rua’.
“Só pensa em multar. Não são educativos. O trânsito colatinense é uma bagunça. Tem é muito carro velho parado na rua por ai. Falta fiscalização. O trânsito em São Silvano está abandonado. Não tem um guarda no bairro. Estacionam em frente a sua garagem, ninguém faz nada. O guardinha sabe é multar o cara que passa com o cachorros em cima da carroceria, mas deixa correr solto o monte de veículo aos pedaços ocupando espaço na cidade toda, fora o risco de dengue”, desabafa o despachante Rubens.
Na Avenida Senador Moacir Dalla, a Beira Rio -, o carro velho tanto apodrece no estacionamento ou se despedaçam num terreno baldio. Sem placas, só na carcaça um Gol branco jazz há uns três anos em cima da calçada na rodovia em direção ao Bairro Santa Margarida, além de outros três ou quatro veículos largados ali há bastante tempo.
O advogado Darildo Bissi Júnior, 48 anos acredita que o município não cumpre seu papel de notificar o proprietário para promover a retirada; ou no caso de não cumprir a ordem, de guinchar e remover o automóvel. “Além de provocar poluição visual, dá idéia de desleixo com a cidade. O carro abandonado causa sérios transtornos como o risco de criatório de mosquitos da dengue e abrigo de moradores de rua”, opina o jurista.
Mas o cemitério de carros parados na via publica fica no Bairro Adélia Giuberti. Na frente e imediações da 15ª Delegacia Regional de Polícia Civil uma montoeira de carros aprendidos permanece anos e anos a fio enfileirados na rua, alguns tão juntos que impede a passagem de pessoas. Na rua da delegacia fica a Apae de Colatina, o colégio Manhães de Andrade, o Sanear. No pátio da chefatura regional, cerca de 200 motos presas estão sendo tomadas pelo matagal
Outro Lado.
A população terá que ter paciência na resolução do problema dos carros velhos nas ruas, apesar da Secretaria de Transporte, Trânsito e Segurança Pública de Colatina reconhecer a gravidade de questão não tem pátio para abrigar os veículos largados em áreas públicas. José Carlos Diniz, da seção de engenharia de trânsito revela que o setor terá que criar uma estrutura para remoção dos veículos, a começar pela notificação dos carros com sinais de abandono.
No Centro de Controle de Zoonose (CCZ), a atendente informou que o chefe do setor viajou a São Paulo e que as equipes fazem vistorias regualares na cidade toda.
Em nota a assessoria de imprensa da Polícia Civil do Espírito Santo avisa que carros apreendidos vão a leilão.
Leia a nota na íntegra.
O acúmulo de veículos no entorno das delegacias é um problema antigo e presente em vários estados do Brasil. No Espírito Santo, a Polícia Civil assinou em 2019 um Convênio de Cooperação Técnica com o Detran. Por meio do Convênio, os veículos apreendidos cuja restituição ao proprietário não seja viável serão leiloados.
Devemos destacar que até a presente data já foram leiloados 900 veículos. Já há 600 outros veículos em processo de encaminhamento para leilão, sob forma de material para reciclagem. Esses veículos atualmente ocupam as vagas do Depósito de Veículos Apreendidos da PCES, em Serra/ES. Além desses, mais de 1200 veículos foram encaminhados para o Pátio Central do DETRAN, onde aguardam decisão judicial para serem leiloados.
São iniciativas pioneiras no Estado. A tendência é que, à medida que os leilões ocorram, o passivo acumulado dos anos anteriores deixe de ser um problema e o fluxo de destinação dos veículos apreendidos recentemente seja mais dinâmico. Por Nilo Tardin / Diário Digital Capixaba