Redação Colatina em Ação – 29/07/2019
Foi aberto ao público às 10h, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o velório da atriz Ruth de Souza. Ela morreu ontem (28), aos 98 anos, no Hospital Copa D’Or, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, onde estava internada no Centro de Tratamento Intensivo desde a última segunda-feira (22) para tratar de uma pneumonia.
Das 8h às 10h a despedida foi fechada para familiares e amigos mais próximos. Os admiradores têm até meio-dia para prestar as últimas homenagens.
Muito emocionado, o ator Milton Gonçalves destacou que o mundo artístico perdeu um talento. “É um até de repente [até logo]. Foi embora um talento, uma amiga, há uma semana estávamos conversando, fazendo espetáculos, participando de festas e vem Deus e leva. Nós somos trabalhadores, damos saltos para as massas. Não é a primeira pessoa que viemos nos despedir aqui neste prédio. É uma dor sempre muito grande. Que Deus a chame com muito afeto”.
Ruth de Souza foi a primeira atriz negra a se apresentar no Theatro Municipal, em maio de 1945, com a companhia Teatro Experimental do Negro, fundada por Abdias Nascimento. Ela foi também a primeira brasileira indicada ao prêmio de melhor atriz em um festival internacional de cinema, com o papel de Sinhá Moça, no Festival de Veneza, em 1954.
Mais de 20 novelas
Na televisão, foi uma das pioneiras. Passou pela TV Tupi, pela Record, TV Excelsior e, em 1968, Ruth de Souza foi contratada pela Globo para atuar na novela “Passo dos ventos”, onde interpretou a mãe de santo Tuiá, uma mulher sábia cujos antepassados eram escravos, no Haiti.
Seu último trabalho foi na minissérie “Se eu fechar os olhos agora”, que foi ao ar este ano, na Globo. Na história recriada por Ricardo Linhares a partir do romance original de Edney Silvestre, ela viveu Madalena. Idosa e abandonada, a personagem era “adotada” pelos meninos Paulo Roberto (João Gabriel D’Aleluia) e Eduardo (Xande Valois) antes de ser assassinada de forma brutal e misteriosa.
Filha de um lavrador e de uma lavadeira, desde criança Ruth sonhava em ser atriz. “Eu era apaixonada por cinema. Queria ser atriz, mas naquela época não tinha atores negros, e muita gente ria de mim: ‘Imagina, ela quer ser artista! Não tem artista preto’. Eu ficava meio chateada, mas sabia que ia fazer; como, não sabia”, declarou a atriz no site Memória Globo.
Como uma das pioneiras da TV brasileira, a atriz participou de programas de variedades e musicais no início das transmissões da TV Tupi, até adaptar para a televisão, com Haroldo Costa, a peça “O filho pródigo”, que havia encenado no Teatro Experimental do Negro. A primeira novela foi “A deusa vencida” (1965), de Ivani Ribeiro, na TV Excelsior.
O enterro será às 16h30, no Cemitério da Penitência, no Caju, em cerimônia fechada para a família. Fonte: Agência Brasil