A previsão era de que a estrutura desabaria ainda no domingo. Bombeiros acompanham a situação na cidade e operários trabalham em contenção
Um dia após a previsão de desabamento, o talude da cava da Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, na Região Central de Minas Gerais, continua se movendo e o ritmo aumentou. Nesta segunda-feira, conforme a Agência Nacional de Mineração (ANM), o deslocamento em alguns pontos isolados subiu dos 20 centímetros/dia registrado ontem para 21 cm/dia, mais que o dobro do ritmo anual da estrutura. Já a deformação na porção inferior do talude norte, que no início da noite de domingo era de 15,8 centímetros/dia, hoje chega a 17,8 centímetros.
Nesta segunda-feira, 22 militares do Corpo de Bombeiros estão trabalhando em Barão de Cocais com oito viaturas. Entre as atividades realizadas por eles estão a orientação nas escolas sobre o que fazer em caso de rompimento na mina e acompanhamento das obras de contingenciamento ao longo do curso dos rejeitos para reduzir o impacto sobre a cidade.
No fim de semana, operários chegavam ao município para atuar na construção de uma defesa a seis quilômetros do barramento, que muitos chamam de “muro”, mas que se trata de uma barragem, uma vez que será usado para reter os rejeitos, impedindo que sigam pela calha do Rio São João até Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.
A estrutura que a Vale prepara para bloquear o avanço da lama está em construção desde o dia 18, a 6 quilômetros da barragem Sul Superior. A área onde será erguida, no vale do Rio São João, já foi aberta pelas máquinas e o canteiro de obras está pronto. Caminhões, tratores e escavadeiras também aguardam para ser utilizadas na construção dessa estrutura de concreto que pode salvar as três cidades abaixo.
A barragem Sul Superior entrou no mapa das barragens em crise após a ruptura dos barramentos 1, 4 e 4A, em Brumadinho, responsável pela morte já confirmada de 242 pessoas e 28 desaparecidos, ao despejar 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos sobre o Vale do Rio Paraopeba. Após essa tragédia, iniciou-se uma crise no setor de barragens, após terem sido revistos os critérios que caracterizam a estabilidade dos represamentos. Em 9 de fevereiro, a população de Barão de Cocais recebeu o primeiro alerta de que a barragem não tinha garantia de estabilidade e que atingira seu nível três de gravidade – risco iminente. Fonte: Estado de Minas